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15 de fevereiro de 2022

Agricultura: Na viagem ao Irã, Brasil busca ampliar comércio agrícola

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A viagem da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao Irã tem como objetivo ampliar o comércio agrícola do Brasil com o país, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Orlando Ribeiro. “Precisamos aumentar a conversa com o Irã. Fazemos muito barter com eles, exportando frango, milho e soja e importando ureia. A ideia é ampliar esse comércio e fazer também novos negócios com o país”, disse Ribeiro, que organizou a viagem, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro. Entre os produtos possíveis de serem ampliados na comercialização entre os dois países, ele cita proteína animal, grãos, frutas e fertilizantes. “O objetivo é ampliar a pauta e ver como podemos contribuir com a segurança alimentar do Irã. Estamos dispostos a conversar e saber o que precisam do Brasil”, afirmou.

A comitiva partirá hoje ao país e tem retorno previsto para o próximo domingo (20). A viagem foi confirmada há pouco, após a ministra ter resultado negativo para covid-19 – ela foi infectada na semana passada. Ribeiro, contudo, não acompanhará a ministra na viagem por estar com covid-19.

Na agenda da comitiva ministerial ao país constam encontros com autoridades governamentais, exportadores e importadores iranianos. Está previsto também um evento empresarial promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil Irã. Uma delegação de cerca de 20 empresários brasileiros acompanhará a comitiva, de setores como proteína animal (bovina e aves), de grãos e cooperativas, contou Ribeiro. “Será uma agenda intensa. É um interesse do governo iraniano comprar grãos diretamente das cooperativas brasileiras”, afirmou Ribeiro. O último compromisso da ministra no país será no dia 19, antes do retorno ao Brasil, em que jantará com o ministro da Agricultura do país.

O Irã também está na rota da chamada “diplomacia dos insumos” – uma série de viagens iniciada no ano passado pelo ministério a fim de garantir abastecimento de adubos ao Brasil com os maiores fornecedores globais, em meio ao aperto na oferta global de fertilizantes e restrições logísticas e geopolíticas. Segundo Ribeiro, no caso dos adubos, a intenção é ampliar a comercialização de ureia do país para o Brasil. Ele não descarta a expansão da a outros nitrogenados derivados da ureia, como o nitrato de amônio – suspenso de exportação pela Rússia até 1º de abril. “O Irã é um grande exportador de ureia. O mesmo processo que gera ureia gera amônio. Este ativo pode entrar também na pauta de conversa”, disse. O primeiro compromisso da comitiva no país será a visita a uma fábrica de ureia em Shiraz – cerca de 900 km da capital Teerã.

Diplomacia dos insumos

A Rússia era um dos destinos da ministra para tratar do fornecimento de adubos ao País. Tereza Cristina deveria acompanhar o presidente Jair Bolsonaro na viagem em andamento ao país, mas, como ainda estava com covid-19, não pôde integrar a comitiva. O encontro com exportadores de adubos, previsto para ocorrer amanhã, deve ser conduzido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Os players são os mesmos com os quais a ministra e sua comitiva se reuniram em novembro, em viagem ao país. Os motes do encontro seriam a apresentação do Brasil para investimentos dessas empresas – de capital misto, privado e estatal – e tratativas sobre fornecimento dos fertilizantes ao Brasil, conforme Ribeiro.

As restrições das vendas russas de nitrato de amônio por dois meses não estavam no escopo principal da agenda, acrescentou o secretário. “Importamos sobretudo no segundo semestre e a restrição se estende até abril. Além disso, temos outros produtores que podem suprir a nossa demanda”, apontou Ribeiro.

Outro local de interesse na rota da diplomacia dos insumos é o Canadá. Segundo Ribeiro, há interesse de Tereza Cristina em ir pessoalmente até o país conversar com exportadores de adubos e governo. Entretanto, talvez não haja tempo hábil para a viagem, já que a ministra vai se descompatibilizar do cargo em 1º de abril, pois deve disputar as eleições deste ano. “Não descarto totalmente, mas é difícil encaixar”, pontuou o secretário. Anteriormente, a pasta havia marcado uma ida ao país em janeiro, que foi cancelada por falta de agenda das autoridades canadenses. “O interesse se mantém. Continuamos conversando, mas é preciso que vejamos boa vontade do lado de lá para falar desses temas. A agenda é mais ampla. Além das exportações de cloreto de potássio (KCl), queremos falar de carnes e outros interesses”, apontou Ribeiro.

Em relação a Belarus, país em que a exportação de KCl está sujeita a sanções econômicas norte-americanas e europeias e sanções lituanas relacionadas ao transporte do produto, Ribeiro relatou que o governo monitora a situação. “Temos conversado com exportadores. Há interesse do vice-ministro belarusso de realizar videoconferência para tratarmos do assunto, mas não há muito que o governo possa fazer porque as sanções estão ocorrendo”, disse o secretário, citando que exportadores buscam outra alternativa de rota de escoamento do adubo. Belarus é o principal fornecedor de KCl ao Brasil, contribuindo por cerca de 20% do volume importado do adubo anualmente pelo País. Se o transporte for restabelecido, uma alternativa das empresas brasileiras para aquisição e pagamento do produto seria a realização doméstica de câmbio para pagamento do produto diretamente do Brasil.

Fonte: Broadcast Agro

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