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Manchetes do Mercado

8 de março de 2023

Cobrança de ‘luvas’ em aluguel é vilã na atração de investimentos

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A cobrança de luvas em contratos de locação comercial está gerando polêmica. A prática está em desuso em boa parte das cidades. Em Barra Mansa e em alguns pontos de outras cidades, as luvas ainda são exigidas em alguns casos. Esse valor a título de luvas, que geralmente fica na casa das dezenas de milhares de reais, é pago ao locatário anterior ou ao dono do imóvel, antes de o locador se estabelecer no imóvel. Alguns empreendedores veem o procedimento, que não tem previsão em lei, como um obstáculo à abertura de negócios e á geração de empregos. A Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Barra Mansa (Aciap-BM) também combate essa prática.

Já alguns proprietários o veem como uma garantia para cobrir a eventualidade de inadimplência com o aluguel, IPTU ou contas de energia elétrica.

Essa garantia, contudo, pode ser suprida – sem a necessidade de luvas – por garantias oferecidas por bancos e seguradoras ou contratos de longos e adimplência. Basicamente, é um seguro-fiança, que garante que o banco se responsabilizará por alguns meses de aluguel no caso de inadimplência. Para fazer esse tipo de negócio, o banco ou a seguradora analisa o cadastro do pretendente a locatário, além de cobrar um valor como prêmio do seguro. As luvas geralmente não são exigidas quando o locatário é uma empresa de grande porte, como um banco ou uma rede de varejo de alcance nacional.

Um aspecto das luvas é que, por não serem estabelecidas em lei, elas são feitas de modo informal, sem registro para efeito fiscal – por exemplo, não são declaradas no Imposto de Renda.

O fato de haver necessidade de um aporte de capital faz com que as luvas funcionem como uma “barreira de entrada” para empreendedores investirem nas cidades.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Barra Mansa (Aciap-BM) , Matheus Gattás, o fim da cobrança seria uma forma de atrair investimentos e criar uma rede de empreendedores.

— Nós, como Associação Comercial, que visamos o incentivo ao empreendedorismo, a atração de maior número de empresas e a criação de mais empregos em nossa cidade, enxergamos essa prática como algo bastante negativo para o desenvolvimento econômico do município. Infelizmente, essa especulação imobiliária já é uma tradição na locação de imóveis comerciais em Barra Mansa, tornando-se tema de muitas reuniões com proprietários de imóveis e corretores. Nelas, abordamos a dificuldade que novos empreendedores têm de investir na cidade, uma vez que, além dos altos preços dos aluguéis, soma-se a eles o valor da “luva”, chegando a valores que acabam por inviabilizar muitos negócios — afirma.

Segundo Gattás, a Aciap-BM tenta conscientizar os proprietários para evitarem a prática: “nós já fazemos aqui um trabalho de conscientização dos proprietários de imóveis de que é melhor o imóvel alugado, gerando uma receita pra ele, do que fechado por muito tempo, o que acaba até depreciando o patrimônio, à espera de negociar valores muito altos de luva ou mesmo de aluguel”.

 

A importância do ponto

Um empresário que foi ouvido pela reportagem do DIÁRIO DO VALE sob a condição do anonimato lembrou que, para o comércio, a localização é um fator muito importante, e que pode determinar a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empresa. “Às vezes, pagar luvas ou um calor mais alto pelo aluguel em um ponto bom é melhor do que pagar menos, sem luvas, num ponto ruim, porque a loja pode ficar vazia o tempo todo, sem receber clientes”, afirma.

O empresário completa que a decisão deve ser baseada em cálculos. Segundo ele, é importante saber o potencial de receita na hora de alugar um ponto comercial: “Estimar quantas pessoas poderão entrar no estabelecimento por dia é essencial para ter noção do faturamento possível. Só com esse dado, se pode dizer se vale mais a pena um aluguel mais caro ou mesmo o pagamento de luvas. Já um ponto por onde passa pouca gente é mau negócio para um comerciante, não importa o quanto o aluguel seja barato”, afirma.

Fonte: Diário do Vale

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