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21 de julho de 2021

Zoneamento agrícola indica melhores épocas para o plantio do maracujá

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O novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático para a cultura do maracujá (Zarc Maracujá) foi publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nesta quarta-feira (21) no Diário Oficial da União.

O resultado final do estudo são as indicações das melhores épocas para o plantio do maracujazeiro e os respectivos níveis de risco climático em todos os municípios brasileiros, em sistema sequeiro e irrigado, considerando o clima, os tipos de solos e os ciclos de cultivo recomendados no país. Dessa forma, agricultores e técnicos podem planejar melhor sua produção e o sistema de produção a ser adotado, a fim de evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis da cultura e, assim, minimizando riscos de perdas na produção.

No Zarc para a cultura do maracujá, foram considerados para a análise de riscos a disponibilidade hídrica para a cultura, a ocorrência de geadas e a ocorrência de temperaturas muito elevadas no período de florescimento. Cada um desses fatores é avaliado conforme a fase do ciclo da cultura, que pode apresentar maior ou menor sensibilidade aos eventos adversos.

O estudo foi realizado pela Embrapa, com apoio do MAPA e Banco Central, e contou com a colaboração de participantes de todo Brasil, incluindo pesquisadores, técnicos e representantes do setor produtivo e instituições com interesse na cultura.

Maracujá no Brasil

O maracujá é produzido em todas as regiões brasileiras, tendo limitações apenas nas áreas mal drenadas e nas áreas sujeitas a geadas. A principal espécie cultivada é o maracujá azedo (Passiflora edulis Sims), presente em mais de 90% dos pomares, mais comumente em sistema irrigado. São estimados cerca de 50 mil produtores em todo o País, a maioria de pequeno porte.

O Nordeste é a principal região produtora, com destaque para a Bahia, com maiores produção (168,4 mil toneladas) e área colhida (15,6 mil ha). Já o maior rendimento está no Distrito Federal, com 27,68 t/ha. O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de maracujá.

Zarc Maracujá para sistemas de produção em dois tipos de mudas

A principal inovação no novo Zarc Maracujá é a inclusão do sistema de cultivo baseado no chamado “mudão”, além do sistema tradicional.

O método de produção baseado no mudão foi desenvolvido pela Embrapa Cerrados e consiste no uso de mudas mais vigorosas, com altura entre 90 cm e 180 cm e plantadas no campo com idade a partir de 120 dias. Por outro lado, as mudas convencionais têm, em média, menos de 50 cm de altura e são plantadas com idade de 60 dias. As mudas do tipo mudão passam mais tempo no viveiro (120 dias) ou na estufa (70 dias) antes de serem levadas ao campo.

As principais vantagens do mudão são a menor taxa de mortalidade no campo, o menor tempo de exposição às adversidades do campo na fase mais vulnerável do início do desenvolvimento, maior precocidade e maior produtividade, além de maior tolerância a pragas e doenças.

De acordo com os resultados do Zarc maracujá em sequeiro (não irrigado), observa-se que o mudão pode ser plantado com menor risco climático, em mais municípios e num período maior do ano agrícola se comparado à muda convencional. Em regiões com clima mais restritivo, como em regiões menos chuvosas do Nordeste, por exemplo, alguns municípios só se viabilizam com o mudão.

Restrições hídricas são o principal fator de risco na maior parte do Brasil. Por isso o sistema irrigado viabiliza a produção em muitas áreas onde o sequeiro é inviável. Na versão do Zarc para o maracujá irrigado, assume-se que a irrigação será responsável pelo suprimento hídrico da planta, excluindo-se qualquer episódio de deficiência hídrica.

Porém, mesmo no sistema irrigado, algumas regiões podem apresentar risco climático elevado onde a temperatura máxima costuma ultrapassar os 39oC durante o período de florescimento. Por isso, mesmo no sistema irrigado, a muda convencional pode apresentar janelas de plantio diferentes das do mudão, em função dos ciclos diferentes nesses dois sistemas e dos riscos que afetam as diferentes fases.

Outra característica do mudão é que, por ter ciclo mais curto que o da muda simples, o mudão possibilita que a cultura escape de geadas no período de florescimento, e apresente produção viável mesmo em regiões sujeitas a inverno frio no Sul e no Sudeste.

De acordo com os coordenadores do estudo, os pesquisadores Fernando Macena (Embrapa Cerrados) e Balbino Evangelista (Embrapa Pesca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas), este novo Zarc maracujá apresenta avanços importantes, uma vez que considera os cultivares e sistemas de cultivo mais indicados na atualidade, utilizou modelos mais avançados para estabelecer as demandas da cultura ao longo do seu ciclo, bases de dados atualizadas e melhor ajuste dos indicadores de risco. Tudo isso contribui para resultados que representam melhor a realidade do campo.

Macena e Balbino destacam, ainda, que o produtor controla o preparo do solo, a escolha da cultivar, o manejo de pragas e doenças, a adubação, o espaçamento e a opção de uso da irrigação. Já os fatores climáticos não podem ser controlados. “Não podemos interferir na quantidade de chuvas, na radiação solar, nas temperaturas máximas e mínimas, nas geadas e nas chuvas de granizo. E tudo isso afeta a produtividade final da cultura”, explicou.

Reuniões de Validação

Uma das etapas do trabalho consistiu na análise dos resultados junto com colaboradores externos. Participam técnicos e especialistas de instituições de pesquisa, universidades, Mapa, Banco Central, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Seguradoras, empresas de assistência técnica e extensão rural que atuam nos diferentes estados. Mais de 200 participantes de todo o Brasil, puderam tirar dúvidas sobre a metodologia e verificar a coerência dos resultados face ao que conhecem nas suas respectivas regiões.

As informações coletadas permitem à equipe do estudo fazer ajustes imediatos na metodologia do Zarc antes da publicação da versão final pelo MAPA. Também permitem prospectar necessidades para a pesquisa e desenvolvimento cujos resultados se converterão em inovações e aprimoramentos para o Zarc e para a Gestão de Riscos num futuro próximo.

Participante das reuniões de validação, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Fabio Faleiro, ressaltou o papel dos estudos do Zarc na formulação de políticas públicas e na minimização de riscos na agricultura relacionados aos fenômenos climáticos. “O Brasil é um país continental, com vários biomas e regiões. Imaginem o desafio desse tipo de estudo, que é complexo”.

Ele também destacou a importância econômica, social e ambiental da cultura do maracujá. “É uma das poucas frutas plantadas do Rio Grande do Sul até Roraima com sucesso, e assim o Zarc assume uma importância ainda maior”, afirmou, citando diversas tecnologias que podem impulsionar a cultura, como cultivares mais resistentes a doenças, fertirrigação e a produção de mudas do tipo mudão.

Segundo, Eduardo Neves, técnico do Programa Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, “o trabalho do Zarc para maracujá é fundamental para informar o produtor, para que assim ele possa ser mais assertivo em melhores épocas de produção e obter melhores resultados”.

Outro aspecto relevante para o risco de produção mencionado nas Reuniões de Validação foi o vazio sanitário. Em Santa Catarina, por exemplo, o vazio do maracujá compreende o mês de julho em todo os municípios, enquanto outros Estados seguem regras diferentes ou não tem critérios definidos. Os resultados do Zarc são sempre compatibilizados a fim de evitar indicação de plantios em épocas ou locais proibidos pelo vazio sanitário. Há uma necessidade de uniformização dos vazios sanitários para a cultura considerando todo o território nacional.

Os resultados finais, ajustados após as reuniões de validação do Zarc Maracujá são encaminhados ao Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola, MAPA, responsável pela publicação das portarias de zoneamento.

Disponibilização dos resultados

Os estudos de Zarc atendem aos objetivos do Programa Nacional de Zonamento Agrícola de Risco Climático e ao Programa Agro Gestão Integrada de Riscos do MAPA.

Fonte: Ministério da Agricultura

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