Ataques cibernéticos contra órgãos do governo federal crescem em janeiro, puxados por vazamentos de dados
Em janeiro, o governo federal enfrentou um aumento significativo nos incidentes de cibersegurança. Foram registrados 989 casos nos órgãos do Executivo, representando uma média de 32 por dia, o maior patamar em quatro anos, conforme levantamento realizado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Mais da metade desses incidentes (55%) permanecia sem resolução até 2 de fevereiro, enquanto apenas 28% das notificações preventivas haviam sido solucionadas.
Os ataques cibernéticos não apenas causam transtornos operacionais, como a suspensão de serviços públicos, mas também representam uma ameaça à segurança dos cidadãos, permitindo a exploração de dados pessoais em golpes financeiros direcionados. Segundo Felipe Galofaro, diretor da Elytron Security, os cibercriminosos estão aproveitando as vulnerabilidades nos sistemas governamentais para obter informações valiosas e executar ataques direcionados.
Dados do GSI indicam que os vazamentos de dados foram os incidentes mais comuns, representando 413 notificações. A desatualização de softwares e a falta de mão de obra qualificada são apontadas como desafios significativos para o governo na proteção de seus sistemas. Isso ressalta a importância de investimentos em cibersegurança e na atualização tecnológica.
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tem aplicado sanções administrativas contra instituições públicas por omissão diante de vazamentos de dados, com destaque para o caso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em 2018 marcou o início de uma fase de fiscalização mais rigorosa, visando também à responsabilização pessoal de servidores encarregados da proteção de dados.
Além disso, a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), sancionada recentemente, visa preencher lacunas no setor e promover uma cultura de proteção de dados e cibersegurança. No entanto, desafios persistem, como evidenciado pela análise do Tribunal de Contas da União (TCU), que revelou que menos da metade das organizações públicas federais investem em cibersegurança e a maioria ainda não estabeleceu um processo de gestão de vulnerabilidades.
Fonte: O Globo