Produtor deve adotar práticas agrícolas para minimizar adversidades climáticas
Na região sul do Mato Grosso do Sul, as culturas de verão, especialmente a soja, enfrentam os efeitos do veranico, com chuvas insuficientes durante o desenvolvimento das plantas e calor intenso. Além disso, práticas agrícolas essenciais têm sido negligenciadas, agravando os problemas na agricultura de sequeiro. Segundo o pesquisador Fernando Mendes Lamas, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), este é o momento ideal para os produtores adotarem técnicas que minimizem os impactos das estiagens.
Terraceamento como Solução
Uma das práticas recomendadas é o terraceamento, que evita o escorrimento superficial da água, promovendo sua infiltração no solo. Essa técnica, segundo Lamas, é fundamental para armazenar a água no solo e disponibilizá-la para as plantas em períodos de estiagem.
Zonamento Agrícola para Redução de Riscos
Outra ferramenta relevante para os produtores é o Zonamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que indica épocas de semeadura com menores riscos de déficit hídrico. Desenvolvido pela Embrapa e seus parceiros, o ZARC oferece informações valiosas, independentemente de o produtor optar por financiar ou realizar seguro agrícola.
Manejo Adequado do Solo
O manejo adequado do solo é crucial para garantir que ele esteja estruturado e poroso, permitindo a retenção de água em camadas profundas. Lamas alerta que o uso exclusivo de práticas mecânicas, como o escarificador, não resolve a compactação do solo. A combinação com plantas de cobertura é essencial para uma solução eficaz.
Importância das Plantas de Cobertura
Entre as espécies recomendadas estão as braquiárias, como a Brachiaria ruzizienses e a Brachiaria brizantha, e leguminosas como crotalárias e guandu, que podem ser cultivadas isoladamente ou em consórcio. Durante a safrinha, essas leguminosas podem ser plantadas junto com o milho, beneficiando o solo e a produção agrícola.
Irrigação como Estratégia Complementar
A irrigação é uma estratégia eficaz para enfrentar o déficit hídrico. Segundo o pesquisador Danilton Luiz Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste, além de atender às necessidades hídricas das culturas, a irrigação deve ser associada às boas práticas agrícolas para obter resultados satisfatórios.
Programas de Apoio à Agricultura Irrigada
O governo estadual lançou recentemente o programa MS Irriga, e o Ministério da Integração instituiu o Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul, que engloba 26 municípios. Além disso, a Embrapa disponibiliza estações de monitoramento climático que fornecem dados diários para ajudar os produtores na tomada de decisões.
Resultados e Benefícios da Irrigação
Em experimentos realizados nos últimos anos, a produtividade da soja irrigada alcançou 172 sacas por hectare, contra 134 sacas no sistema de sequeiro. Para o milho, o rendimento foi de 407 sacas por hectare com irrigação, comparado a 253 sem irrigação.
Gestão Hídrica em Mato Grosso do Sul
A gestão hídrica no estado, feita pelo Imasul, assegura o uso sustentável da água, garantindo que ela esteja disponível para diferentes usuários, como indústrias, residências e agricultura. O Mato Grosso do Sul possui grande potencial para a agricultura irrigada, com recursos hídricos abundantes e pouco explorados.
Fonte: Embrapa