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Manchetes do Mercado

27 de abril de 2022

Máquinas agrícolas autônomas: o futuro do campo chegou na Agrishow

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O trabalho de operador de máquinas agrícolas está com os dias contados? Quem visita a 27ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, pode sair com essa impressão. Mas a resposta não é tão simples.

A automação é uma aposta cada vez maior das grandes fabricantes de tratores, colheitadeiras, pulverizadores e até de caminhões. E, nesta edição da Agrishow, isso está bastante evidente, mesmo que ainda não estejam à disposição do produtor rural brasileiro.

A Case IH, marca da CNH Industrial, largou na frente ainda em 2017, quando apresentou na Agrishow daquele ano o protótipo de um trator sem cabine, controlado remotamente por um tablet.

Segundo os executivos da marca, a tecnologia já existe e deve chegar ao país “logo”, mas a evolução será feita por etapas.

Para Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para América Latina, o Brasil, como uma das maiores potências agrícolas do mundo, tem uma série de características para alavancar a adoção dos autônomos, como a escassez de mão de obra e as operações de grande escala. Especialmente no Centro-Oeste, que demanda muito tecnologia.

“A chave da autonomia é conseguir fazer uma operação específica com melhor qualidade e custo do que quando é feita com o operador”, afirma Gonzalez.

Segundo o diretor de Marketing de Produto da Case IH para a América Latina, Rodrigo Alandia, autonomia não é algo pronto, mas feito em etapas.

Ele afirma que o primeiro passo foi dado há 20 anos, com a implantação do piloto automático nas máquinas; depois veio a agricultura de precisão. “A autonomia tem uma jornada até chegar em um trator 100% autônomo”, diz Alandia.

Na avaliação dos executivos da Case IH, até o fim da próxima década, aproximadamente 30% das máquinas agrícolas terão um grau avançado de automação.

Rodrigo Bonato, diretor de marketing para a América Latina da John Deere, compartilha dessa opinião.

Em janeiro deste ano, a gigante americana anunciou que seu primeiro trator autônomo está pronto para a produção em larga escala ainda em 2022. A máquina combina o trator 8R da John Deere, subsolador habilitado da TruSet, sistema de orientação GPS e novas tecnologias avançadas.

Segundo Bonato, o cronograma nos Estados Unidos está mantido e não falta muito para chegar ao Brasil. “Antes de comercializar uma máquina autônoma, é preciso testá-la e fazer com que carregue o maior número de informações possíveis sobre o determinado tipo de agricultura que se pretende atender. Antes de um carro autônomo ir para a rua, ele precisa ter todos os mapas para evitar acidentes, não é apenas ‘soltá-lo’. Com as máquinas agrícolas é igual”, conta.

Segundo Bonato, existe a autonomia e a automação. “A autonomia é a máquina andar sozinha. A automação é ela tomar as decisões. São questões distintas e complementares. Hoje, as máquinas aprendem enquanto estão colhendo. Por exemplo, hoje nós temos um pulverizador que faz a aplicação em vazões diferentes. O próximo passo é identificar onde está a erva daninha e aplicar apenas nela. Mas precisamos de dados, estamos há três safras testando e adquirindo dados para a máquina aplicar”.

Operação das máquinas
Ainda de acordo com Bonato, o operador de máquinas será cada vez mais um gestor de equipamentos agrícolas. “Ele vai continuar dentro da cabine, e acredito que por um bom tempo. Vai eventualmente sair, sim. Daqui cinco anos, dez anos? Não sei. Mas, por enquanto, esse gestor será necessário. E quando estiver fora da máquina, ele vai continuar gerindo as informações, estão não é uma carreira que deixa de existir, ela se torna mais técnica”, diz.

Na avaliação do diretor de Marketing da Fendt Valtra, Fábio Dotto, a automação é uma questão de eficiência. “A automação não tira o operador. Ele melhora a interface e eficiência do operador durante o trabalho no campo”, acredita.

Na Agrishow, a Jacto apresenta o Arbus 4000 JAV, um pulverizador totalmente autônomo voltado para a citricultura. Embora não seja comercializado, o equipamento já está em operação no país. Na empresa, é possível contratar o uso do equipamento.

Segundo Rodrigo Madeira, gerente de negócios da Jacto, por enquanto, a marca está treinando os operadores e criando um “cenário” para poder comercializar o produto.

“Tudo é novo. Imagina a gente mudar o cenário radicalmente. A vida inteira, o operador pulverizando com um trator grudado num pulverizador de arrasto. Imagina ele receber um negócio e não entender nada disso, apenas um celular para operar. O que pensamos? Vamos treinar primeiro, ensinar a lidar com a tecnologia. Vamos ensinar todo mundo a entender a autonomia e vamos fazer juntos. Quem opera é a fazenda, e nós damos o suporte”, afirma.

“Quando os clientes entenderem que a operação é fácil, inclusive com a parte mecânica, de manutenção, resolvida. Nós podemos trabalhar comercialmente a máquina”.

Para Madeira, a automação é o próximo salto evolutivo dentro da cadeia de trabalho do agronegócio. “Talvez num futuro, a gente deixe de ter muitos operadores, será um trabalho mais exigente, de gerenciamento de operação. A mão de obra vai ser qualificada, não trocada”.

Fonte: Canal Rural

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