IPGF subiu 0,60% em abril de 2023 e acumula 3,51% em 12 meses
O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) registrou aumento de 0,60% em abril. Com este resultado, o índice acumula taxa de 2,47% no ano e de 3,51% em 12 meses. No mesmo período, o índice oficial de inflação acumulava 2,71% no ano e 4,18% em 12 meses.
O recente resultado consolidou a tendência de desaceleração da inflação também observada no IPCA. Em março, o IPGF acumulava 4,02% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o IPGF acumulado acelerava de 11,65% em março de 2022 para 12,36% em abril (mais elevado que o IPCA àquela época).
A desaceleração do índice se deve, principalmente, ao grupo Alimentação, que apresentava 5,75% de inflação acumulada em 12 meses em março e agora acumula 3,17%, consolidando um processo gradual de desinflação que começou em dezembro de 2022. Dentro da Alimentação, os itens que mais contribuíram para esse arrefecimento foram “óleo de soja refinado” (de -12,46% para -22,72%); “outros óleos e gorduras vegetais e animais exclusive milho” (de -4,91% para −12,96%) e “leite resfriado, esterilizado e pasteurizado” (de 18,77% para 13,01%).
Outros quatro grupos também apresentaram desaceleração: Artigos de residência (de -1,09% para −2,59%); Transportes (de -6,85% para -8,19%); Despesas Pessoais (de 15,12% para 13,97%); e Serviços prestados às famílias e atividades pessoais (de 7,64% para 7,49%). O grupo Educação manteve-se estável, acumulando 8,13%.
Todos os grupos restantes do IPGF apresentaram aceleração em sua taxa interanual: Habitação (de 1,94% para 2,77%), Vestuário (de 4,94% para 5,63%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 12,69% para 13,01%) e Comunicação (de −6,44% para −6,04%).
O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”: “Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explica Peçanha.
O índice de difusão do IPGF subiu marginalmente em abril e está em 67,4%, ou seja, pouco mais de dois terços de seus itens apresentaram aumento de preço em abril. No entanto, a difusão ainda é menor que no início do processo de descompressão em dezembro de 2022, quando estava em 73,9% e a análise de sua média móvel de 12 meses indica o aprofundamento de um processo de redução da difusão desde junho de 2022, quando o processo inflacionário começou a apresentar sinais de descompressão.
O IPGF é um novo índice de preços ao consumidor em que, dentre outras características, os pesos da cesta de consumo são atualizados mensalmente. Essa característica do índice contribui para que as alterações nas preferências do consumidor sejam captadas com mais agilidade. Em decorrência disso, o IPGF tem acumulado uma inflação menor no longo prazo que os índices tradicionais como o IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV IBRE).
A próxima divulgação do índice, referente ao mês de maio de 2023, está programada para o fim de julho de 2023.
O estudo completo está disponível no site da FGV.
Fonte: FGV
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