Guerra na Ucrânia chega ao seu 43º dia e Brasil poderá sofrer ainda mais impactos no agronegócio
A invasão da Ucrânia pela Rússia já tem causado alta de preços nos fertilizantes e combustíveis, o que afeta diretamente o agronegócio brasileiro. Se a situação perdurar, contudo, o segundo semestre deste ano será ainda mais difícil para toda cadeia do agro. A avaliação é do advogado Antonio Carlos de Oliveira Freitas, do Luchesi Advogados, escritório especializado em agronegócios.
O advogado lembra que, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o Brasil só possui estoque de fertilizantes até o próximo mês de junho. “Os fertilizantes importados da Rússia e Belarus representam em torno de 30% do que importamos. Há uma ideia para incentivar o desenvolvimento da produção nacional, mas isso não é rápido, tampouco simples. Trata-se de uma operação custosa e que demanda tempo. Além disso, o custo da importação, com incentivos tributários, acaba sendo mais barato”, pondera.
Oliveira Freitas ressalta que, se a guerra prosseguir, teremos um segundo semestre com cenário bastante complicado, já que os preços das commodities continuam subindo no mercado internacional, impactando ainda mais os juros e a inflação, o que já vem produzindo aumento do frete. O receio já se apresenta para a próxima safra, em especial de grãos. Ele explica que, apesar de eventual diminuição na aplicação de fertilizantes em algumas áreas, no limite haver em certa medida a redução de área plantada, então as chances são de maior aumento nos preços das commodities, afetando, por consequência, os alimentos, ante a forte pressão inflacionária. Também adianta que poderá ocorrer aumento da inadimplência a partir de 2023, com processos judiciais, seja no intuito de recuperar crédito ou mesmo de discussão de contratos por conta de dívidas decorrentes desse cenário de incertezas.
Antonio Freitas também lembra que a China (uma das principais parceiras comerciais do Brasil no setor) está bastante preocupada com a questão da Ucrânia e já tem aumentado suas compras para reforçar seus estoques, além de lockdown recente em Xangai, para evitar nova disseminação da pandemia. Para ele, o conjunto desses fatores deixa o mercado global em sinal de alerta, principalmente o Brasil.
“Portanto, a situação deve ser de monitoramento do prosseguimento da guerra e buscar ações, ainda que paliativas, a fim de mitigar os problemas que iremos enfrentar, sem prejuízo de discutirmos a questão também sobre alternativas de políticas públicas de médio e longo prazos”, alerta
Fonte: Notícias Agrícolas
Publicado em: Agro&Negócios