Especial: Fintech libera R$ 230 mi para pequenos produtores rurais, dizendo mais não do que sim
Dono de uma fazenda no interior de Goiás voltada para a produção de gado leiteiro, o produtor Zirael Vinhal precisava de crédito para expandir seus negócios. Com dificuldade de conseguir financiamentos em bancos tradicionais, ele conheceu a Nagro, fintech que aposta na concessão de crédito para pequenos e médios produtores rurais.
O primeiro dos financiamentos de Vinhal foi de pouco mais de R$ 50 mil, em 2019. “Minha intenção era aumentar a quantidade e a eficiência da produção de leite, mas naquele momento não tinha condições de usar minha própria renda para adquirir um gado de maior qualidade”, relembra o produtor.
A fintech nasceu a partir da experiência de seu próprio fundador, Gustavo Alves, que era agricultor em Minas Gerais, onde está a base da Nagro. “No nosso entorno, percebíamos a dificuldade dos pequenos produtores em conseguir financiamento. Os pequenos são justamente os que mais precisam”, diz.
A Nagro já atendeu 1,3 mil produtores de diferentes culturas como pecuária, café, leite e soja, espalhados em todas as regiões do País. Desde sua fundação, em 2017, a empresa já liberou mais de R$ 230 milhões em operações de crédito.
Para o CEO da fintech, o foco no pequeno produtor rural é necessário para alavancar a estratégia comercial da empresa. “O grande produtor já é acessado por muitos financiadores, por ter mais estrutura, ser mais profissionalizado e tomar crédito em volume maior”, afirma Alves.
Atenta à agenda ESG, além de oferecer financiamento rápido – em até 48 horas após a aprovação -, a fintech aplica o que chama de “compliance social e ambiental”. Toda a análise de crédito da Nagro é feita por algoritmos, que consultam uma série de informações públicas sobre o produtor, como eventuais processos judiciais, trabalhistas e até denúncias de trabalho escravo ou de desmatamento.
“Sabemos que, em termos de crédito, essas informações não têm valor, mas nós optamos por não financiar um produtor rural se apresentar esse tipo de background”, diz. Alves comprova em números de pedidos de empréstimos negados: desde a fundação da Nagro, em 2017, foram 70 mil solicitações, das quais apenas 6% acabaram sendo aceitas.
Produtor rural do interior de Goiás, Zirael Santos foi um dos aprovados. Segundo ele, a liberação do crédito aconteceu logo após o envio da documentação, tudo online. “Antes, em um banco, tinha de emitir novos documentos, levar em cartório e ainda passar pelo constrangimento de apresentar um fiador”, recorda. “Tudo isso para ficarmos até 60 dias na incerteza sobre o financiamento ter saído ou não, enquanto a produção ficava parada.”
Já pensando em expandir as frentes de atuação a partir dos financiamentos da Nagro, Zirael agora investe também na plantação de soja e de milho. Segundo ele, são culturas essenciais para aliviar quem fica dependente apenas da produção do leite, cujos insumos estão cada vez mais caros. “Não fosse esse crédito, eu estaria na mesmice”, diz o agricultor.
Fonte: Broadcast Agro
Publicado em: Agro&Negócios, Variedades