Embrapa Milho e Sorgo integra história do agronegócio
Nas últimas décadas, a agropecuária brasileira modernizou-se, ganhando novas funções e tornando-se mais complexa. Ao seu tradicional papel de produção de alimentos, fibras e energia, novos conceitos foram incorporados, levando-se em conta a sustentabilidade dos negócios agrícolas, principalmente nos aspectos ligados à segurança alimentar e nutricional, agregação de valor, qualidade de vida das pessoas e à preocupação com o meio ambiente.
Nesse período, a agropecuária tornou-se também uma das principais forças motrizes para a produção, a transformação e a ampliação das opções de consumo que impulsionam o mercado brasileiro – notadamente urbano, nos dias atuais.
No âmbito externo, a agropecuária tem sido responsável pelo financiamento externo do Brasil, alcançando superávits maiores e consolidando a posição brasileira nos mercados internacionais de commodities agrícolas.
“O selo verde da agricultura brasileira, tendente a se tornar um setor econômico cada vez mais pujante, competitivo e de interesse do Brasil, é encarado de grandes oportunidades e ameaças, nos diversos mercados. Por um lado, precisa conviver com os avanços da ciência, das agendas globais e das dinâmicas dos mercados, incorporando empreendedorismo e competitividade; e, por outro lado, sofre as disputas de barreiras alfandegárias e não-alfandegárias, para estabelecer sustentabilidade nas relações de troca, baseadas em flutuações e variações de bolsas, câmbio e arranjos produtivos complexos”, diz Frederico Ozanan Machado Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo.
A Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da rede Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, localizada em Sete Lagoas – MG, participa ativamente do desenvolvimento da agropecuária, pautada em ciência, dados e evidências. São 45 anos de pesquisa científica, com resultados e destaques técnico-científicos, gerenciais e mercadológicos inovadores para o agronegócio brasileiro.
Segundo Durães, “nesta evolução, com contribuições relevantes para a agropecuária, a Embrapa tem buscado, cada vez mais, maior prestabilidade de desempenho para o setor, parceiros, agricultores e agentes produtivos, no maior interesse do Brasil”.
A Empresa gera tecnologias, produtos e serviços para atender a essas novas exigências, proporcionando retorno econômico, social e ambiental para o País, especialmente nas cadeias produtivas do do milho, do sorgo e do milheto. Sistemas agrícolas integrados de produção também compõem seu portfólio de resultados de pesquisa científica, comprovadamente entregues para o agronegócio.
“A Embrapa, buscando uma ciência com propósitos, participa ativamente deste esforço de produção de conhecimento e contribui, de forma integrativa e compartilhada, para os processos de produção sustentável da agropecuária brasileira. Esta modelagem e implementação do trabalho produtivo retrata os papéis da Empresa. Primeiro, o original, provedora de conhecimento. Depois, o papel moderno, mediadora de interesses objetivos e legítimos. E, no escopo da missão de uma empresa de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) pode ser percebida, pela imagem e reputação construída e conquistada, como um agente “locomotiva limpa trilho”, abrindo espaços, encurtando caminhos e poupando energia, para os setores privados e públicos, e as parcerias, ampliarem as suas contribuições para o desenvolvimento agropecuário brasileiro, pautado em ciência, dados, empreendedorismo e evidências”, diz Frederico Durães.
Ciência com propósito
Os desafios técnico-científicos, de inovações tecnológicas e mercadológicos são enormes, crescentes e complexos; e, trazem para as empresas de Ciência Tecnologia &Inovação, no âmbito de sua missão, grandes oportunidades, riscos e dilemas, para o desenvolvimento de uma agenda positiva, portadora de futuro.
“As oportunidades de uma Embrapa a caminho do campo, pautada em conexões para inovação, estão na pauta do dia para o seu trabalho produtivo. E, as tratativas de pesquisa e desenvolvimento, transferência de conhecimento e negócios de base tecnológica perpassam o papel institucional original, de empresa provedora de conhecimento. Assumimos um papel moderno e atual, progressivo e complementar de empresa mediadora de interesses dos setores públicos, privados e da parceria público-privada”, salienta o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo.
Ele ressalta que, “os diálogos com o setor produtivo são impactantes. A empresa moderniza e atualiza, continuamente, a sua visão de futuro, a sua capacidade de gerar, qualificar e posicionar conhecimento, de forma integrativa, inclusiva e compartilhada. E, neste propósito, conta com profissionais qualificados, em variadas áreas do conhecimento, para o cumprimento de sua missão institucional”.
“A exploração racional e comprometida da variabilidade natural, ao longo do tempo, resulta em conhecimento útil e capaz de produzir inovação incremental e disruptiva, especialmente, na governança de uma plataforma bio, focada em ambientes tropicais, e sob condições ótimas e subótimas de performance agronômica e produtiva”, complementa Durães.
Ele ressalta que a Embrapa Milho e Sorgo tem, durante décadas buscado compreender, formular e implementar estratégia de ação focada em soluções para inovação e mercado, de interesse do setor agropecuário brasileiro, sobretudo, nas cadeias de valor de grãos e afins, para bioalimentos, bioenergia, biomateriais.
“Historicamente, as espécies milho, sorgo e milheto têm contribuído neste propósito, com macroativos de genética tropical, linhagens, variedades e híbridos. A prospecção, análise genética-molecular e procedimentos de formulação-manejo, nas parcerias, têm permitido evoluir significativamente na linha de novos insumos biológicos, notadamente, de natureza microbiológica, para bioinseticidas, à base de bactérias (Bacillus thuringiensis) e vírus (Baculovírus), biosolubilizadores de Fósforo (P) e Potássio (K), e fixadores biológicos de Nitrogênio”, informa Durães.
A Unidade dispõe de modernos laboratórios nas áreas de Solos e Nutrição de Plantas, Fisiologia Vegetal, Biologia Molecular, Cultura de Tecidos, Entomologia, Fitopatologia, Análise de Sementes, Microbiologia e Agrometeorologia. Conta ainda com um centro de processamento de dados. Essa infraestrutura, além de atender às necessidades da Unidade, presta serviços ao público externo, realizando serviços diversos.
As tecnologias geradas pela Embrapa Milho e Sorgo permitem viabilizar soluções para o desenvolvimento competitivo do agronegócio do milho, do sorgo e do milheto em uma economia globalizada. Promovem a sustentabilidade das atividades econômicas com o equilíbrio ambiental, contribuem para a diminuição dos desequilíbrios sociais e fornecem matérias-primas e alimentos que promovem a saúde e a melhoria do nível nutricional e da qualidade de vida da população.
Desenvolvimento de cultivares, controle biológico de pragas, engenharia genética, agricultura de precisão, manejo integrado de pragas, tecnologias para a agricultura familiar, tecnologias sustentáveis são exemplos dos trabalhos realizados na Unidade de Pesquisa em Sete Lagoas, região Central do Estado e no Campo de Gorotuba, no norte de Minas Gerais. As atividades se estendem por diversas cidades do território nacional, realizadas em parceria com outras Unidades da Embrapa, empresas públicas e privadas.
“Os resultados prioritários das parcerias são seleções compartilhadas destes esforços e contribuições. Estão em sintonia com agendas globais, dinâmicas de mercado e políticas públicas, atuais e portadoras de futuro, incluindo forte sintonia com os objetivos estratégicos da Agenda Estratégica do Mapa (2020-2031). Estes objetivos estão fortemente centrados em competitividade e sustentabilidade, sanidade e defesa, qualidade de insumos e produtos da agropecuária brasileira. Nesta lista incluímos a segurança alimentar, nutricional e da saúde, a diversidade de recursos e a intensificação produtiva da agropecuária, bem como o fortalecimento das cadeias de valor de grãos, associadas à proteína animal, bioenergia e biomoléculas”, ressalta Frederico Durães.
Breve histórico
A Embrapa Milho e Sorgo foi criada em 1975 e instalada em 14 de fevereiro de 1976. Deu continuidade a uma história de sucesso em pesquisa agropecuária na região de Sete Lagoas-MG. Desde 1907 são desenvolvidas pesquisas agropecuárias no município, sempre coordenadas por instituições públicas. Entre elas, se destacam o Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Centro-Oeste (Ipeaco), o Instituto Agronômico do Oeste (IAO) e a Estação Experimental de Sete Lagoas.
Segundo a filosofia estabelecida na época de sua implantação, o Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo coordenaria e executaria pesquisas que teriam como objetivos gerais o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade do produto, a redução dos custos de produção e a expansão da fronteira agrícola pela incorporação de áreas até então subaproveitadas. A coordenação técnica seria conduzida de forma integrada com as universidades, empresas estaduais e particulares, bem como Unidades Executivas de Pesquisa de Âmbito Estadual.
Publicado em: Agro&Negócios