Conseguro debate seguro contra riscos climáticos
Experiências na utilização de seguros paramétricos para mitigar riscos e oferecer proteção financeira em casos de desastres naturais foram apresentados hoje, 27/09, no painel “Parceria público-privada, seguro paramétrico & microsseguro”, durante a Conseguro, conferência bianual da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg, que discute todos os aspectos do setor.
O painel foi moderado por Ivani Benazzi de Andrade, membro da Comissão de Seguros Inclusivos e da Comissão de Integração ASG da CNseg e também superintendente de Sustentabilidade da Bradesco Seguros.
Rodrigo Motroni, diretor e vice-Presidente da Newe Seguros, apresentou o projeto desenvolvido para os pequenos produtores de cacau do Sul da Bahia que prevê a cobertura de seguro paramétrico para produtores de cacau, durante a prefloração e floração, nos meses de agosto e setembro. Nesta época do ano, a falta de chuvas afeta a produtividade do cacau e, consequentemente, a sua qualidade. O índice pluvial foi avaliado para especificar a cobertura, utilizando dados da estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), de Ilhéus, desde 2013. O projeto com esse grupo de agricultores começou neste ano e contou com várias parcerias, entre elas, com o INMET, o Governo Federal, por meio da subvenção que custeia 20% do seguro, e com o Instituto Arapyaú.
“Avaliamos que a média era de 269 mm de chuva no período (agosto e setembro) e estabelecemos em qual ponto a falta de chuva começava a gerar problemas de produtividade e qualidade. Junto aos parceiros e produtores, estabelecemos que o ponto fosse de 170 mm”, afirmou Motroni.
Para a indenização, o cálculo é feito pelo rendimento esperado e informado pelos agricultores, de 15 arrobas de cacau por hectare, a um preço de R$ 200,00 a arroba. “Nós estabelecemos uma cobertura de 10 arrobas por hectare e uma indenização máxima de R$ 2 mil por hectare, caso os 170 mm de chuva não fossem atingidos. A cobertura vai de 170 mm a 70 mm”, especificou.
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
Carlos Boelsterli, CEO da seguradora MICRO – empresa de gerenciamento de riscos relacionados a desastres naturais, compartilhou a solução da empresa para pessoas vulneráveis, expostas a riscos climáticos na América Central. Nesse caso, a cobertura do seguro paramétrico é para perdas financeiras. “São produtos bem simples, como se fossem um desaster cash (proteção para desastres). Quando acontece o evento, os segurados recebem o dinheiro para garantir a continuidade de sua produção”, explicou.
A solução é para qualquer população de baixa renda, classe média ou emergente, sem entrar nos segmentos que já são protegidos pela indústria tradicional. “O que nos interessa é a inclusão financeira. Para ter o seguro é preciso apenas ter uma atividade produtiva que possa ser afetada por um evento (climático), seja por um aumento nos gastos ou na diminuição da renda”.
Na prática, uma plataforma de cálculo da MICRO detecta o evento e determina a porcentagem de pagamento, a partir da gravidade do evento. “A seguradora recebe a notificação da plataforma, identifica quem são os clientes naquela localidade, aplica a porcentagem de pagamento e procede o pagamento, informando-os, geralmente, por SMS ou uma mensagem de texto sobre a ocorrência do sinistro”, especifica.
Na Colômbia, Mabyr Valderrama, responsável pela agenda de sustentabilidade do setor de seguros na Fasecolda (Federação de Seguros da Colômbia), falou sobre o desenvolvimento dos seguros paramétricos no país. “Apesar de já existirem produtos de seguros paramétricos na Colômbia que são comercializados, principalmente para fazer frente aos riscos catastróficos, do setor agropecuário e também dos negócios, essa modalidade não foi plenamente desenvolvida na Colômbia como nós gostaríamos”.
A explicação, disse ela, está na incerteza jurídica que desincentiva não apenas a criação e a comercialização, mas também a compra dos seguros por parte dos segurados. “Os seguros paramétricos não têm um marco de normas específicos nas leis colombianas”, lamentou.
POTENCIAL
Superintendente de Produtos Analytics da B3, Fabiano Yasuda, comentou sobre o potencial do mercado de seguros. “Com o uso de informações e analytics, a gente vê um grande mar azul a ser explorado para poder contribuir com o crescimento e adoção de analytics para o mercado de seguros como um todo e para os paramétricos, que é uma agenda nova”.
Paulo Costa, assessor do diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), destacou os trabalhos do instituto. “O INMET vem se estruturando e fomentando esse mercado de índice paramétrico para que todos tenham um seguro mais adequado, façam o planejamento de risco e a gestão de suas lavouras de forma mais adequadas”.
Fonte: Cnseg
Publicado em: Agro&Negócios, Variedades