Companhias disputam fatia de segmento em expansão
As seguradoras definem estratégias para aumentar a presença no mercado de seguros agrícolas, que cresceu de forma significativa nos últimos anos com o incremento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O desembolso para contratação de apólices saltou de R$ 480 milhões em 2019 para quase R$ 995 milhões este ano (+107%), e será de R$ 1,3 bilhão em 2021.
Os novos valores da subvenção – que varia entre 20% e 40% do valor do prêmio do seguro rural -, elevam a cobertura da área cultivada, de 15 milhões para 21 milhões de hectares, assim como o total de apólices contratadas, de 220 mil para 298 mil, e a importância segurada, de R$ 43 bilhões para R$ 58 bilhões, no período de 2020 e 2021. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Os números relativos aos seguros rurais tendem a ser mais expressivos no futuro uma vez que 90% da área cultivável brasileira não possuem cobertura de seguro. Este ano, o Mapa estendeu o PSR para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Assim, as culturas de milho primeira safra e soja terão orçamento de R$ 40 milhões, e as de maçã, uva e banana, de R$ 10 milhões.
Com participação de 60% no mercado de seguros rurais, a Brasilseg oferece cobertura para 17 culturas, número que pretende quase dobrar até o final do próximo ano. No segmento de pequenos e médios produtores que fazem parte do Pronaf, a seguradora registrou a contratação de 3,5 mil apólices nos primeiros 45 dias de atendimento desses clientes, iniciado em julho, com a movimentação de R$ 20 milhões em prêmio.
No mesmo mês, lançou uma plataforma de negócios Broto, que permite a aquisição on-line de seguros e a comercialização de máquinas agrícolas. “Em breve outras funcionalidades estarão disponíveis ao produtor rural, como gestão de risco e de produtividade, contratação de insumos, de financiamento e de serviços de assistência técnica, além da comercialização da safra”, diz Ivandré Montiel, presidente da seguradora.
A Mapfre tem planos de aumentar em 50% o time comercial e intensificar a oferta de seguros agrícolas para regiões nas quais as vendas são restritas, especialmente o Norte e o Nordeste. Além disso, iniciou o piloto de uma tecnologia que permite vistoria remota de propriedades, para facilitar o processo de contratação pelo produtor.
Com essas iniciativas, a expectativa é de, em cinco anos, aumentar de 6,5% para 10% a participação da carteira de seguros rurais nos negócios da companhia. “A previsão é de um crescimento de 10% na movimentação em prêmio em 2020”, informa Cátia Rucco Rivelles, superintendente de seguros agrícola da Mapfre. No exercício passado a carteira agrícola arrecadou R$ 217,8 milhões.
A diversificação de produtos, regiões e clientes é um dos pilares da estratégia de crescimento da NEWE Seguros. Além de trigo, soja e milho, a seguradora incluiu no seu portfólio algodão, arroz e frutas, principalmente banana e uva. “Depois vamos comercializar apólices para máquinas e equipamentos, vida do produtor e produtos florestais”, afirma Gabriel Boyer, vice-presidente de operações.
A seguradora, cuja carteira de segurados é composta em grande parte (80%) por pequenos produtores, se prepara para absorver nos próximos meses um contingente de agricultores familiares oriundos do programa Garantia-Safra e do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que devem migrar para o PSR.
Entre janeiro e maio, a operação da NEWE em seguros agrícolas cresceu 50%. Com aproximadamente 20 mil apólices emitidas, 7 mil sinistros registrados e R$ 34 milhões em indenizações pagas aos segurados no primeiro semestre, a seguradora tem a expectativa de atingir uma faixa de 15 mil clientes e R$ 2,5 bilhões em área protegida até o final de 2020 – o que representa o dobro do ano passado.
A estratégia da Sancor Seguros Brasil, que oferece três modalidades (produção, vida rural e propriedade), consiste em expandir a operação de seguro agrícola, tanto em termos geográficos, quanto em culturas. A oferta de apólices para grãos se concentra no Sul, que responde por 75% das vendas. O resto está pulverizado em nove Estados.
O objetivo é crescer 7% em 2020 em outras culturas, como frutas e café, em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. “Estamos nos reestruturando para ter maior equilíbrio da carteira através da diversificação”, revela Wady Cury, diretor técnico e de agronegócios da corretora, que detém 6% do mercado agrícola.
O seguro para o agronegócio representa 37% dos negócios da corretora no mercado brasileiro. A meta é movimentar R$ 185 milhões em prêmios na safra 2020/2021 frente ao volume de R$ 171 milhões apurado no período anterior. Considerando as culturas de inverno e de verão, a corretora desembolsou R$ 220 milhões em sinistros em 2019/2020, com destaque para soja, com R$ 190 milhões.
A Swiss RE tem na proximidade com as cooperativas e na joint-venture com a Bradesco Seguros dois importantes trunfos para expandir a operação de seguros rurais. No ano passado, atendeu 4.833 apólices por meio do PSR, correspondendo a 489 mil hectares de área. O consumo de subvenção foi de R$ 30,5 milhões. No portfólio foram incluídos disparadores de produtividade para seguros de grãos de verão, aumentando de 65% para 80% o nível de cobertura na maioria das regiões. Fonte: Valor Econômico – Suplemento Agronegócio