Brasil deve acrescentar pelo menos 7 GW por ano de GD solar até 2028
O mercado brasileiro de geração solar distribuída deverá acrescentar, em média, mais de 7 GW por ano até 2028, mostra estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O relatório, divulgado nesta quinta-feira (11/01), indica que o segmento, composto por instalações residenciais e comerciais de pequeno porte, manterá o crescimento apesar da redução de incentivos.
Conforme a IEA, o Brasil responderá por quase 90% dos cerca de 50 GW acrescentados na geração solar distribuída (GD) na América Latina entre 2023 e 2028. O documento destaca que um sistema de compensação de créditos de energia extremamente vantajoso levou a um forte crescimento da modalidade no país, com 18 GW adicionados entre 2015 e 2022.
Em janeiro de 2023, as regras foram alteradas pela Lei 14.300 para introduzir uma remuneração gradual pelo uso da rede elétrica. Em muitos países, esse tipo de mudança costuma levar a quedas acentuadas no crescimento. Mas a expectativa da IEA é que o mercado brasileiro de GD solar siga forte, com o acréscimo médio de capacidade instalada superando 7 GW por ano até 2028.
A análise aponta duas razões para a continuidade do crescimento, apesar da diminuição dos incentivos. A primeira é que o valor da tarifa de energia elétrica residencial tem aumentado nos últimos anos em razão da menor produção hidrelétrica e da crescente demanda.
A segunda é que os custos do sistema fotovoltaico permanecem baixos. A combinação desses dois fatores resultou, inicialmente, em um impacto apenas moderado no tempo de retorno para o investimento em energia solar residencial. Conforme um estudo do Portal Solar, a queda média de 40% no preço dos painéis solares em 2023 no Brasil levou a uma melhora de 10% a 20% do payback da GD solar.
A atualização mais recente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indica que o mercado de GD solar brasileiro adicionou quase 7,7 GW em 2023, com 644 mil sistemas beneficiando 860 mil novos consumidores.
Solar e eólica lideram expansão na América Latina
O levantamento da IEA estima que a América Latina deverá adicionar 165 GW em energia renovável entre 2023 e 2028. Quatro mercados representam 90% da capacidade instalada acrescentada: Brasil (108 GW), Chile (25 GW), México (10 GW) e Argentina (4 GW).
A energia solar fotovoltaica lidera o crescimento, seguida pela eólica. O desenvolvimento de hidrelétricas desacelerou na região, com as regiões mais economicamente viáveis já utilizadas e grandes projetos atrasados em razão de problemas de licenciamento e investimento.
Leilões não são mais o principal indutor de projetos eólicos e de geração solar centralizada, com o desenvolvimento em grandes mercados como Brasil, Chile, Argentina e México cada vez mais ocorrendo fora da esfera governamental. No Brasil, acordos bilaterais no mercado livre de energia responderão por 85% do acréscimo de capacidade de usinas eólicas e de geração solar centralizada entre 2023 e 2028, indica a IEA.
Fonte: Portal Solar
Publicado em: Energia