AR GELADO TRAZ CHANCE DE NEVE E CHUVA CONGELADA
METASUL – Esta quinta-feira será de muito frio no Rio Grande do Sul. Ar ainda mais frio ingressa no Sul do Brasil no decorrer do dia e traz uma jornada tipicamente invernal. Os dados dos modelos indicam temperatura negativa em 850 hPa (nível de pressão que corresponde a 1500 metros de altitude), sinalizando ar gelado.
Como é comum quando do ingresso de ar mais frio com temperatura negativa em 850 hPa costuma ocorrer vento, mas não será intenso a ponto de trazer danos. O que vai proporcionar é sensação térmica de muito frio durante o dia, especialmente considerando a temperatura já baixa.
Para Porto Alegre se espera 12ºC ou 13ºC na maioria dos bairros. Grande parte do Rio Grande do Sul terá máximas entre 10ºC e 13ºC. Na Serra e nos Aparados, máximas de apenas um dígito (inferiores a 10ºC) em jornada gelada nestas regiões.
O ar mais gelado acompanhará um sistema de alta pressão que vai se instalar sobre o Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, trazendo predomínio do tempo seco. O sol deve aparecer com nuvens na maioria das regiões no decorrer do dia, mas muitas áreas devem ter períodos de maior nebulosidade, especialmente do Nordeste gaúcho.
Com a tendência de precipitação e um perfil da atmosfera muito frio existe a chance no decorrer do dia, especialmente na madrugada e de manhã, de precipitação invernal nas áreas de maior altitude do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Os modelos não têm um consenso sobre a ocorrência de neve. Os mapas abaixo mostram as projeções dos modelos GFS (EUA), ICON (Alemanha), CMC (Canadá) e WRF da MetSul a partir das saídas das 12Z (9h de Brasília) da quarta-feira.
Todos os modelos acima, exceção do alemão, indicam a possibilidade de neve para as áreas de São Joaquim, no Planalto Sul Catarinense, e a região de São José dos Ausentes, nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul.
A MetSul considera uma maior possibilidade de neve em cotas de altitude acima de 1100 metros, o que inclui o Planalto Sul Catarinense e a área de São José dos Ausentes. Em altitudes de 900 mm a 1.100 metros, o que inclui São Francisco de Paula, a chance já é menor, apesar de existente. Em cotas de 600 a 900 metros, o que inclui quase toda a Serra Gaúcha, os modelos indicam temperatura em superfície ao redor de 4ºC a 5ºC, o que é alto para a ocorrência de neve, a despeito de já termos visto excepcionalmente nevar com estes valores no Sul do Brasil e no exterior. Por isso, os modelos não têm previsão de neve para a Serra Gaúcha, mas a MetSul considera a possibilidade de que a região tenha chuva ou chuvisco congelado.
A neve é um fenômeno de muito difícil previsão, e complexa, não apenas aqui como em todo o mundo. No Sul do Brasil, onde não raro as condições para o fenômeno são apenas marginais com condições limítrofes entre nevar e não nevar por temperatura ou precipitação, ela se torna ainda mais difícil. Há muitos casos em que os modelos tinham um indicativo de neve mais ampla e esta se limitou aos Aparados da Serra e ao Planalto Sul Catarinense, caso de julho de 2019. Como houve casos em que a neve surpreendeu e os dados passaram a indicar a chance de uma nevada mais ampla e com acumulação só pouquíssimas horas antes, caso de agosto de 2013.
A espessura da camada, um indicador analisado para a projeção de neve, tende a cair nas áreas de maior altitude do Nordeste gaúcho a 5.400 a 5.460, logo no patamar que é considerado favorável para neve (abaixo de 5460). Com estes valores, abre-se margem para alguma surpresa não indicada nas projeções dos modelos para uma diminuição das cotas de altitude para neve e ocorrência em locais abaixo de 1000 metros.
Publicado em: Agro&Negócios