Aquisições em transição energética devem acelerar em 2023, aponta Bain & Company
O 5º Relatório Anual de Fusões e Aquisições Globais da Bain & Company, publicado neta terça-feira, 31 de janeiro, aponta que de janeiro a setembro de 2022 a atividade de desinvestimentos totalizou US$ 250 bilhões no segmento que está relacionado à transição energética. De acordo com a consultoria, isso é mais do que qualquer outra indústria, à medida que a corrida para deixar ativos intensivos em carbono continua. Já as aquisições relacionadas à transição energética como porcentagem de todo o volume de negócios estão crescendo constantemente, de 21% em 2021 para 27% nos três primeiros trimestres de 2022.
Com esses dados em mãos, a empresa afirmou que o reequilíbrio do portfólio no setor de energia e recursos naturais (ENR) acelerará em 2023 e nos próximos anos, mas a chave está em transformar essas aquisições em lucratividade e adequação à empresa adquirente. Isso ocorre em um momento em que as empresas de ENR estão capitalizadas, mais do que qualquer outra indústria com US$ 300 bilhões, e isso alimentará seus investimentos na transição energética.
A onda de fusões e aquisições nesse segmento, relata a Bain & Company está se tornando mais competitiva e tem um perfil de risco/retorno diferente dos negócios anteriores, exigindo abordagens fundamentalmente diferentes para a criação de valor. “Isso exigirá uma abordagem muito mais personalizada quando se trata de decidir o que preservar, o que integrar e como evoluir a estratégia de negócios para aproveitar ao máximo os principais pontos fortes do adquirente (se possível)”, aponta a empresa.
Outra conclusão é que os executivos corporativos que olham para 2023 continuam confiantes no papel das fusões e aquisições na criação de valor. Embora o valor global de fusões e aquisições tenha caído drasticamente em 2022, uma perda de 36% no valor do negócio. Mas a atividade de negócios continua a ser uma estratégia corporativa central para o crescimento e a lucratividade.
Na Pesquisa de Perspectivas 2023 da Bain M&A Practitioners, os negócios de escopo geralmente falham devido à superestimação das sinergias de receita, às mudanças nas condições de mercado e ao ajuste estratégico insuficiente. Mas há maneiras de ganhar, aponta a empresa tomando como exemplo o caso da gigante anglo-holandesa Shell, que está construindo sua pegada de estações de carregamento de veículos elétricos (EV) globalmente por meio da aquisição da ubitricity e outras.
A petroleira adquiriu a Greenlots, que fornece uma plataforma operacional de software para empresas de carregamento de veículos elétricos que inclui status de integridade do carregador em tempo real, dados de utilização, recursos de precificação dinâmica e análise preditiva. Outro movimento passa pela aquisição de participação minoritária na GI Energy, desenvolvedora de microrredes. Em sua análise, a consultoria aponta que essas recentes aquisições relacionadas a veículos elétricos em combinação mostram como a Shell está seguindo uma abordagem semelhante à cadeia de valor integrada, desta vez para a geração de energia renovável até a entrega ao usuário final final.
O relatório da consultoria tem 140 páginas e está disponível para download em inglês. O relatório está dividido por indústrias e por regiões. Em relação ao Brasil, a análise aponta que aqui é um mercado no qual os profissionais de M&A precisam dobrar o planejamento de cenários. O retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder é um dos pontos porque os empresários sabem que mudanças políticas substanciais, porém imprevisíveis, serão implementadas em sua terceira gestão.
Por aqui, em 2022, dois setores representaram 66% do valor realizado em negócios de fusões e aquisições: energia e recursos naturais e manufatura e serviços. Mas um ano antes, os acordos de saúde e varejo também eram populares. É uma mudança que reflete preocupações das empresas sobre a ambigüidade econômica do país. “Agora, enquanto as empresas se preparam para uma futuro incerto, mais negócios provavelmente continuarão em setores que são mais dependentes de exportações (como energia e recursos naturais) do que o consumo interno”, aponta a empresa.
E alguns agentes estão otimistas com o retorno do investimento estrangeiro. Por um lado, o Brasil tem conseguiu lidar com a inflação mais rapidamente do que muitas outras grandes economias, em grande parte porque possui ampla experiência no combate às pressões inflacionárias com um Banco Central classificado como relativamente ágil. Além disso, alguns investidores americanos e europeus podem ver o Brasil como uma alternativa geopoliticamente mais estável para investir do que muitos países da Ásia em desenvolvimento. Finalmente, um potencial ecologicamente correto agenda do novo governo pode tornar o país mais atrativo.
Fonte: Canal Energia
Publicado em: Energia