Apreensão de agrotóxicos falsificados ou contrabandeados cresce no Brasil; entenda o que está por trás da alta
Mais de 84 toneladas de agrotóxicos falsificados ou contrabandeados foram apreendidas no Brasil só nos dois primeiros meses deste ano. O número é bem maior do que foi registrado em 2020, que teve 59 toneladas apreendidas.
A Receita Federal acredita que os números desse tipo de contrabando possam ser ainda maiores. E um dos motivos para o crescimento do crime é a alta do dólar.
“O contrabando tem crescido muito. Primeiro por causa dessa diferença cambial. O dólar está muito valorizado. Então, as commodities estão valendo muito dinheiro. E o segundo motivo é por causa desse ‘boom’ que o agronegócio teve nos últimos anos”, afirma Arnoldo Daher de Almeida, superintendente federal substituto do Ministério da Agricultura do estado de Goiás.
“O ministério tem feito várias ações, todas em conjunto com a Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, com a Decom também, que é a delegacia do consumidor, e com todos outros órgãos de fiscalização”, ressalta.
Apreensões
A Polícia Rodoviária Federal afirma que as apreensões estão sendo frequentes durante patrulhamentos e se tornaram significativas no combate ao crime.
Em Goiânia, policiais militares encontraram neste ano 20 toneladas de agrotóxicos contrabandeados dentro de um caminhão que era para transportar alimentos. O motorista de 38 anos foi preso em flagrante.
Outra apreensão foi registrada em Jataí, região sudoeste de Goiás. A Polícia Rodoviária prendeu um casal com 100 quilos de inseticidas escondidos em embalagens de ração para cachorro. Os rótulos estavam em espanhol.
Nessa mesma região, em Acreúna, os agentes da Polícia Rodoviária Federal encontraram uma tonelada e meia de defensivos agrícolas. As embalagens não tinham rótulo e nenhuma informação que pudesse indicar a procedência.
Risco à saúde
A maioria dos produtos é fabricada na China, vendida no Paraguai e vem para o Brasil principalmente pelas rodovias.
Grande parte tem substâncias proibidas e não passa por análises de órgãos técnicos, como o Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ibama, o que representa risco à saúde.
“Os agrotóxicos contrabandeados e proibidos podem causar tumores em humanos, cânceres, principalmente hematológicos, de cabeça e pescoço. Podem causar problemas neurológicos, como Parkinson e mal de Alzheimer, por exemplo”, diz o geneticista da UFG, Daniela De Melo e Silva.
Fonte: G1
Publicado em: Agro&Negócios, Variedades