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Manchetes do Mercado

19 de janeiro de 2024

Após recorde em 2023, exportações de frutas devem seguir em alta

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As exportações brasileiras de frutas foram favorecidas em 2023 pelo desempenho mais tímido de países concorrentes, que tiveram sua produção afetada pelo El Niño. O fenômeno climático perderá força nos próximos meses, mas seguirá impactando a concorrência, por isso a expectativa é de mais um ano favorável para as exportações brasileiras. Além disso, a abertura de novos mercados deve contribuir para outro ano de avanços.

Em 2023, as receitas com as exportações bateram recorde e alcançaram US$ 1,34 bilhão, alta de 23,5% sobre o ano anterior. A abertura de novos mercados e a recuperação no volume embarcado e no preço das principais frutas destinadas à exportação — melão, manga e uva — devem levar a resultados favoráveis, segundo fontes e analistas do setor.

“Quando tem irrigação, a gente tem controle da água com fruta de qualidade e durante o ano inteiro. Então essa grande arrancada do segundo semestre [nas exportações] se deveu aos locais de frutas que temos irrigação”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho.

Juntas, as três frutas produzidas com irrigação no Vale do São Francisco e no Rio Grande do Norte responderam por quase metade de todo volume exportado pelo país este ano.

Dentre os países que enfrentaram problemas climáticos estão o Peru, principal concorrente do Brasil na exportação de mangas. Segundo Coelho, os pomares do país andino sofreram com a falta de amplitude térmica, o que comprometeu a floração e reduziu o volume colhido em 2023, abrindo espaço para o Brasil no mercado internacional.

“Somos praticamente o único país que está colocando manga na Europa e EUA enquanto, antigamente, nesse período, o Peru tinha uma presença forte por lá”, observa.

Além das frutas que já são destaque na balança comercial brasileira, há otimismo também em relação a outras espécies. É o caso do abacate, cujo volume exportado somou 26,17 mil toneladas em 2023, uma alta de 143,4% em comparação com 2022.

“O Brasil não vai se tornar de hoje pra amanhã um dos maiores exportadores de abacate do mundo. Tem México e outros concorrentes a serem superados, mas é interessante olhar para a pauta de diversificação das nossas exportações”, afirma a representante da Associação Internacional de Produtos Frescos (IFPA, na sigla em inglês) no Brasil, Valeska de Oliveira Ciré.

Na avaliação da IFPA, o Brasil tem sido eficiente na abertura de novos mercados, com oito deles em processo de negociação atualmente. No último ano, o destaque foi para a abertura do mercado chileno ao mamão papaya e os trabalhos para aumentar o volume de limão enviado aos Estados Unidos.

No total, as exportações de papaya somaram 38 mil toneladas, queda de 5% em volume, mas a receita subiu 7%, para o recorde de US$ 53 milhões. No caso do limão, foram 166,6 mil toneladas (US$ 172,34 milhões em receita) exportadas no último ano.

O presidente da Abrafrutas afirma que o mercado internacional é comprador e estima que as exportações brasileiras devem crescer 20% em valor em 2024.

Já no mercado interno, onde o consumo apresenta queda desde a pandemia de covid-19, as perspectivas são de leve recuperação, avalia Ciré. “A gente está ainda olhando para um consumidor interno mais austero com seus gastos, escolhendo mais. Mas felizmente já vemos um reposicionamento melhor do mercado como um todo”, diz ela.

A previsão do Cepea é de um leve avanço na área plantada com hortifrútis em geral no país neste ano, de 0,7%. “É uma projeção modesta, mas realista também se considerarmos todo o cenário que temos ainda de economia e de necessidades de adequação”, afirma a representante da IFPA.

Fonte: Globo Rural

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