Abiove: 3% da expansão da soja no cerrado ocorreu em área nativa de 2014 a 2021, ante 13% entre 2001-2007
Levantamento concluído recentemente pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) mostra que a taxa de desmatamento no Cerrado associado à expansão do plantio de soja vem diminuindo gradualmente nos últimos 20 anos e hoje é a mais baixa do período. Conforme análise geoespacial do bioma, no período de 2001-2007 13% da expansão do cultivo ocorreu sobre vegetação nativa e o restante em áreas abertas antes de 2001. Esse porcentual caiu para 9% no intervalo de 2007-2014 e diminuiu para 3% entre 2014-2021, conforme destacou o gerente de sustentabilidade da associação, Bernardo Pires. Ou seja, nos últimos sete anos, 97% da expansão da área de soja no Cerrado se deu em áreas já abertas antes de 2014. “Os dados se referem a desmatamento total, legal e ilegal. Infelizmente, não há dados públicos confiáveis e completos para distinguir um e outro”, explicou Pires.
As lavouras de soja ocupam hoje 20 milhões de hectares no Cerrado (safra 2020/21), o equivalente a 9,8% da área total do bioma. A área cresceu 6,2% em comparação à temporada 2019/20, quando alcançou 18,83 milhões de hectares. Os 20 milhões de hectares, por sua vez, representam 52% de toda a área de soja do Brasil, de acordo com os dados apresentados por Pires. Além disso, dos 1.390 municípios do bioma Cerrado, 990 cultivam soja.
Pires pontuou que tanto o desmatamento total como a “pegada da soja” no Cerrado vêm caindo ao longo dos anos. Em 2020, dos 735 mil hectares desmatados no Cerrado, somente 3,8% ou 28 mil hectares foram convertidos em lavouras de soja. Desta área, 4,7 mil hectares estavam em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal, e 23,3 mil hectares no Matopiba (região que abrange parte do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).
Os dados apresentados por Pires mostram que a expansão da soja sobre áreas nativas foi mais acentuada no Matopiba do que nos outros Estados que têm o bioma Cerrado. Nestes, o avanço da área cultivada com a oleaginosa sobre vegetação nativa saiu de 7% no período de 2001-2007 para 2% entre 2007-2014 e para 1% de 2014-2021 – ou seja, nos últimos sete anos, 99% da expansão da soja no Cerrado considerado “consolidado” foi em áreas abertas antes de 2014.
Já no Matopiba, 40% da expansão da soja entre 2001 e 2007 se deu sobre vegetação nativa do Cerrado, porcentual que diminuiu para 33% no período de 2007-2014 e para 10% entre 2014 e 2021 – o que significa dizer, também, que 90% do avanço do plantio de soja nos últimos sete anos ocorreu em áreas abertas antes de 2014.
“Estamos falando de uma análise científica de excelência, com 100% de precisão e que faz uso de tecnologias sofisticadas para gerar conhecimento sobre a dimensão do Cerrado e a dinâmica da evolução da cultura. Sendo assim, podemos afirmar que hoje temos a menor taxa de desmatamento associada à soja dos últimos 20 anos”, afirmou Pires.
Fonte: Broadcast Agro
Publicado em: Agro&Negócios