Carlos Caputo, presidente da NEWE: Governo brasileiro impulsiona Seguro Rural e atende expectativa da indústria do Agro
Este artigo de presidente da NEWE Seguros, Carlos Caputo, está publicado na revista Mercado Asegurador, referência sobre o tema na Argentina. O texto original, em espanhol, segue abaixo deste.
O governo brasileiro divulgou neste mês de junho o novo Plano Safra 2020/2021 que prevê investimento da ordem de R$ 236,3 bilhões destinados a apoiar a produção agropecuária nacional, um aumento de R$ 13,5 bilhões em relação ao plano anterior.
Para o Seguro Rural foi destinado o maior montante desde a criação do programa de subvenção ao seguro rural: R$ 1,3 bilhão, um acréscimo de 30% com relação ao último ano.
Esse trabalho do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ganhou impulso com a nomeação da Ministra Tereza Cristina para a pasta. A engenheira agrônoma, oriunda da região central do país, já atuava no setor e, portanto, conhecia as “dores” dos diversos elos da cadeia do agronegócio. Depois de trabalhar na iniciativa privada, seguiu a carreira política e, antes da nomeação ao cargo atual, Tereza Cristina foi a líder da bancada ruralista no Congresso brasileiro.
Essas credenciais pessoais da Ministra e a permanente interlocução com os principais representantes do setor, provocaram mudanças no posicionamento do governo, há muito aguardadas por essa indústria.
Um bom exemplo disso, foi o rompimento com o modelo de subsídio ao crédito rural adotado por governos anteriores, que de certa forma se mostrou esgotado por não resolver os problemas da agricultura em anos ruins em termos climáticos. O próprio governo se via obrigado a refinanciar, mesmo com escassez de recursos.
No cenário atual, em que há tendência de queda da taxa de juros, essa operação é ainda mais danosa aos cofres públicos. Só para se ter uma ideia, a taxa de juros no Brasil atingiu seu menor nível histórico na primeira semana de junho, chegando 2,25% ao ano.
O Modelo atual adotado pelo MAPA, segue a linha de países bem-sucedidos, como EUA e a China, que privilegiam o incentivo ao Seguro Rural ao invés do subsídio ao financiamento.
Com o aumento anunciado para o subsídio ao seguro para o próximo ano, o governo também manda uma mensagem ao setor e traz a certeza de que não faltarão recursos para todos os produtores que desejarem contratar cobertura para o ano de 2021. Ele abriu espaço para o setor encontrar um crescimento de 50% a 75%, dado o efeito multiplicador do subsídio. O seguro agrícola cresceu 19% no ano de 2019 e somente no primeiro quadrimestre de 2020 o prêmio cresceu na casa de 60%. Na próxima safra, o programa pode chegar a atingir 300 mil produtores, 21 milhões de hectares e R$ 58 bilhões em riscos segurados.
Além disso, o subsídio ao seguro rural funciona como uma ferramenta de política agrícola, porque dá ao governo a possibilidade de direcionar os recursos a determinadas regiões e escolher quais as culturas e coberturas que receberão incentivo. Isso sim é gestão de risco e controle das exposições ao risco que o nosso país pode ter em caso de eventos climáticos.
Importante destacar que o Ministério também está empenhado na migração dos produtos de subsídio de agricultura familiar e pequenos agricultores (PROAGRO) para iniciativa privada, cujo primeiro piloto deve ser lançado até o fim deste ano.
Outro elemento importante desse conjunto de medidas, visa mitigar as fraudes no campo por meio de campanhas fiscalizadoras, com checagem dos sinistros reportados e regulados, além do recadastramento de todos os peritos. Eles passarão a integrar um registro nacional, no sentido de agregar ainda mais qualidade ao serviço prestado e reconhecer os profissionais que realizam um trabalho de excelência. O Mapa trabalha, ainda, na qualificação desses peritos e na melhoria do zoneamento agrícola, requisito fundamental para recebimento do seguro.
Mas o esforço do governo brasileiro para incentivar o setor de seguros vai além do ramo rural. A Superintendência de Seguros brasileira, SUSEP, que regula o setor como um todo, também segue a mesma linha com a criação de mecanismos e normas para simplificar o arcabouço regulatório e conferir maior competitividade e transparência ao mercado para atrair novos competidores.
Acreditamos que o governo está no caminho certo; que é possível imprimir maior agilidade ao mercado de seguro com mecanismos de controles rígidos, mas sem impor regras que amarrem a operação.
Passamos por experiência semelhante na NEWE. A seguradora nasceu de uma grande multinacional e, uma das heranças dessa experiência, é o fato de termos uma sólida e eficiente estrutura compliance. Adaptamos esse legado ao nosso novo modelo de negócios e hoje conseguimos aliar, com eficiência, mecanismos de controle e agilidade à nossa operação.
Temos hoje, aproximadamente, 20 mil apólices emitidas, com 7.500 sinistros regulados, graças a adoção de práticas que reputo como revolucionárias neste mercado, no sentido de diminuir ao máximo o nível de erros nas regulações, contando com a ajuda da tecnologia e, sobretudo, com o apoio de uma equipe muito experiente.
Temos, em nosso quadro de colaboradores, peritos exclusivos que, quando não estão regulando sinistros, estão analisando e avaliando a evolução natural de determinadas regiões. Assim que detectamos qualquer potencial problema, tendo sido ou não acionados, visitamos, entramos em contato, e estreitamos nossas relações com o segurado. Aproveitamos, também, essa proximidade para ajudá-lo a entender o que o seguro cobre e não cobre, para evitarmos disputas no momento da apuração de um possível sinistro.
Com procedimentos diferenciados, conseguimos agilidade e, talvez por isso, sejamos a primeira companhia do setor a pagar todas as indenizações da recente seca que tivemos no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, no fim do mês de maio. Esse feito ganha ainda mais destaque, visto que estamos em meio a uma pandemia. Investimos em novas medidas de segurança, estratégias de deslocamento, compra de equipamentos, e contamos com o apoio da nossa excelente rede de parceiros para não atrasarmos nenhuma regulação e pagar rapidamente ao segurado. E essa excelência que tanto prezamos, se traduz em resultados concretos: a sinistralidade da NEWE nos últimos 12 meses é bem inferior à média do mercado.
Está no nosso DNA o investimento constante em inovação, com a inclusão de novos produtos e coberturas no nosso portfólio. A cobertura contra intempérie para as culturas de soja, milho, trigo, sorgo, cana-de-açúcar e algodão, terá a incorporação de outros grãos, como café e feijão, assim como algumas frutas, inicialmente, maçã. Está ainda no nosso radar, operar com seguro paramétrico e de receita, ambos voltados para o segmento do agronegócio.
Além desse pilar inicial da companhia, que é o seguro agrícola, temos mais dois pilares no nosso plano de negócios, que são as linhas financeiras e a de riscos cibernéticos. Para cuidar das linhas financeiras, em todas as suas modalidades, contratamos experientes especialistas do mercado, que deram forma ao nosso novo produto de Seguro Garantia, que começa a ser comercializado a partir de 1 de julho.
E o terceiro pilar, de riscos cibernéticos, acaba de entrar em linha de produção. Iremos oferecer coberturas individuais e, também, às pequenas e médias empresas. Mesmo sendo o Brasil um dos principais alvos de ataques cibernéticos no mundo, ainda não existe no mercado um produto adaptado à nossa realidade.
E, em paralelo a consolidação desses pilares no Brasil, continuamos com o nosso plano de manter diálogo permanente com potenciais parceiros na América Latina, em especial, na Argentina, Colômbia e El Salvador, países onde temos encontrado ótima interlocução e cujas conversas tem avançado com perspectiva de ótimos negócios.
Acreditamos que a capacidade de nos adaptarmos rapidamente a este “novo normal” é prerrogativa de poucas empresas. Nesse sentido, seguimos com as nossas portas abertas para compartilharmos essa experiência, com nosso olhar voltado também para fora, em um constante exercício de aprendizado.
Carlos Caputo
Publicado em: NEWE Seguros