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29 de junho de 2022

ESG: Mulheres fazem a diferença na performance da agenda sustentável

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Seriam as mulheres mais sensíveis a questões ambientais, sociais e de governança? Esta pergunta norteia o estudo realizado por Monique Cardoso, mestre em Gestão para Competitividade, pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) e Gustavo Andrey de Almeida Lopes Fernandes, professor da Escola. A pesquisa, publicada na Revista GV Executivo, traz um resultado inédito no Brasil, ao demonstrar a relação positiva entre o alto desempenho ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) e a presença feminina na liderança.

Considerando que mulheres ocupam em média 11,5% dos assentos em conselhos de administração de empresas brasileiras de capital aberto, contra 20,6% da média mundial, é importante entender como a presença de mulheres na liderança, seja na diretoria e/ou no board, pode beneficiar os resultados em ESG das empresas.

A sustentabilidade e a equidade de gênero ainda são desafios globais distantes, mas que entraram na pauta de discussões de grandes agentes econômicos. Na análise do desempenho geral ESG, verificou-se que há, mais frequentemente, mulheres na diretoria das empresas com avaliação alta, ao passo que a ausência de executivas ocorre mais no grupo de baixa performance.

Ligação das mulheres com a sustentabilidade

Ao longo da pesquisa, foram ouvidas executivas que ocupam altos cargos nas empresas, para identificar os seguintes pontos:

– Características pessoais e de liderança relacionadas ao bom desempenho em sustentabilidade corporativa;

– Entendimento sobre desempenho em avaliações ESG;

– Indicadores mais relevantes; percepção sobre a relação entre performance em sustentabilidade e gênero da alta liderança;

– Potências e barreiras em ser uma executiva no topo das organizações.

Características pessoais e de liderança feminina

Ao discorrerem sobre a própria trajetória, executivas em empresas de alta performance ESG destacaram a importância da liderança democrática e aberta ao diálogo; a resiliência e capacidade de adaptação e a necessidade de ser muito política. Já aquelas que estão em empresas com pior nota falaram em valorizar e promover a equipe, em ter e ser exemplo e em construir boas relações – características que podem levá-las a ajudar suas empresas a melhorar a pontuação ESG.

Três pontos aparecem em comum na narrativa das entrevistadas:

– Necessidade de aprendizagem constante;

– Provar-se e posicionar-se mais na gestão, mesmo contrariando expectativas;

– O papel da maternidade como qualidades pessoais ou profissionais.

Os três pontos foram apontados como relevantes pelas mulheres, porém o último surpreende, pois esse tópico, historicamente, vem sendo apontado como barreira, não como vantagem para a mulher em posição de gestão. Assim, executivas dos dois grupos, alto e baixo ESG, parecem contrariar o estereótipo da mulher que se masculiniza ao galgar degraus mais altos na carreira.

Equidade de gênero

Ao longo da pesquisa, o preconceito de gênero foi um ponto fundamental observado nas altas esferas das corporações. Sendo assim, a equidade não é a prioridade central das empresas. Em comum, as participantes do estudo destacaram o peso de sempre serem a única mulher nas diferentes situações de representação, de reuniões a eventos, e a necessidade de responder e educar os homens para evitar situações de machismo.

As mulheres enfrentam, cotidianamente, preconceitos de gênero, porém a discriminação é, estatisticamente, o principal obstáculo à progressão de carreira e ao exercício pleno da liderança por mulheres. O mesmo ocorre com a baixa representação. Segundo Monique, não basta mulheres ocuparem espaços se forem as únicas, pois dessa forma não formam massa crítica capaz de mudar o cenário.

Assim, um alto desempenho em sustentabilidade da empresa não é condição suficiente para menos discriminação e mais equidade de gênero. “Estar no topo das organizações tampouco blinda as executivas de sofrerem com machismo, descrédito de suas capacidades e falta de reconhecimento”, disse a pesquisadora.

Perspectivas

A pesquisa sugere que haja uma proposta por parte das empresas, levando em consideração a diversidade na alta gestão e/ou a quantidade objetiva de mulheres, tanto na diretoria, quanto no conselho. O objetivo é que sejam fatores incorporados na composição da nota atribuída a empresas nas metodologias de análises ESG, devido ao seu impacto demonstrado sobre a performance das organizações.

“Não há outro caminho para as empresas que queiram prosperar no futuro do que cuidar dele agora. As empresas estão sendo cobradas por práticas que incluam mais as mulheres. Então, se não for por convicção está sendo por conveniência ou por constrangimento”, ressaltou Monique.

Para ter acesso ao artigo completo, acesse o site.

Fonte: FGV

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