Fertilizantes: Altos preços devem onerar agricultor e aumentar custo de alimentos
Os altos preços dos fertilizantes estão pesando sobre os agricultores de países em desenvolvimento, tornando o cultivo muito mais caro e forçando redução nas produções. O resultado será sentido nas contas do supermercado, já que os preços podem subir ainda mais em 2022.
Espera-se que o impacto seja pior nos países em que os pequenos produtores têm acesso limitado a empréstimos bancários e não podem pagar adiantado por fertilizantes caros. É nessas localidades também que o aumento dos custos dos alimentos aceleraria a fome já aguda, por causa da perda de empregos ligada à pandemia. O cenário caminha em sentido contrário aos esforços de políticos e bancos centrais para conter a inflação.
A demanda de fertilizantes na África Subsaariana, por exemplo, pode cair 30% em 2022, de acordo com o Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes, uma organização global sem fins lucrativos. Isso se traduziria em 30 milhões de toneladas a menos de alimentos produzidos, o que o Centro diz ser equivalente às necessidades alimentares de 100 milhões de pessoas.
Segundo o Banco Mundial, cerca de 2,4 bilhões de pessoas não tinham acesso a alimentos adequados em 2020, um aumento de 320 milhões em relação ao ano anterior. A inflação aumentou em cerca de 80% das economias de mercados emergentes no ano passado, com cerca de um terço registrando dois dígitos de inflação nos alimentos.
Para Josef Schmidhuber, vice-diretor da Divisão de Comércio e Mercados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), há uma relação inevitável entre a oferta dos insumos e populações de baixa renda. “O menor uso de fertilizantes inevitavelmente pesará na produção e qualidade dos alimentos, afetando a disponibilidade, a renda rural e os meios de subsistência dos pobres”, disse Schmidhuber.
Os aumentos de preços de fertilizantes agrícolas decorrem, em parte, dos custos globais de energia. O preço médio do gás natural na Europa no último trimestre de 2021, por exemplo, foi 10 vezes maior do que o registrado no ano de 2020, segundo dados do Banco Mundial. As instalações de produção de nitrogênio são diretamente dependentes do gás natural para converter matérias-primas químicas em produtos finais.
Outra razão para a alta dos preços está ligada ao fato de os principais produtores de fertilizantes, incluindo China, Turquia, Egito e Rússia, reduzirem as exportações no segundo semestre de 2021. Como resultado, o fosfato de diamônico, ou DAP, mais que dobrou do preço médio de 2020, custando US$ 745 por tonelada em dezembro. Os preços de dezembro da ureia do Leste Europeu foram quase quatro vezes a média de 2020.
Recentemente, as sanções da União Europeia e dos EUA à Belarus, responsável por 20% da produção global de potássio, impediram o acesso a um ingrediente-chave dos fertilizantes minerais. A fabricante norueguesa Yara Fertilizantes informou neste mês que encerrará as compras de potássio de Belarus até 1º de abril. Especialistas do setor dizem que a produção europeia provavelmente será limitada enquanto os preços do gás natural continuarem altos.
Fonte: Broadcast Agro
Publicado em: Agro&Negócios, Variedades