A relação de troca da saca de soja por insumos está favorável ao produtor este ano e abaixo da média histórica no Paraná e em Mato Grosso. A análise considera os sete insumos acompanhados pela consultoria Datagro (fertilizantes, ureia, semente, calcário, óleo diesel, herbicidas e colheitadeiras), até o mês de setembro.

Conforme o levantamento, a relação de troca, que é o comparativo entre o preço do grão por saca (60 kg) e as cotações dos insumos, tem apresentado, neste ano, no Estado do Paraná, resultado favorável, ficando abaixo da média dos últimos dez anos. No caso de Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, a relação de troca também tem resultado positivo ante a média dos últimos cinco anos.

O coordenador da Datagro Grãos, Flávio Roberto de França Junior, diz em comunicado que “podemos identificar dois grandes motivadores dessa variação positiva nas relações de troca da soja brasileira: a explosão no padrão dos preços domésticos observada ao longo de 2020, com picos consecutivos sendo obtidos desde o início do ano, por alta na Bolsa de Chicago (CBOT), prêmios e câmbio; e o impacto proporcionalmente menor nos preços dos insumos pela manutenção de elevada taxa de câmbio”.

No caso Paraná, a relação de troca da saca de soja para a compra dos insumos utilizados na produção apresentou melhora nos sete produtos levantados no comparativo com o ano anterior, além de também apresentar melhor resultado do que as médias históricas de dez anos. A relação com fertilizante NPK 04-30-10, por exemplo, passou de 20,73 sacas da oleaginosa para a tonelada do produto em setembro de 2019 para 13,34 sacas no último mês, com preços dos insumos levantados pelo Departamento de Economia Rural (Deral).

No Estado de Mato Grosso, o cenário também é positivo, com ganho no poder de compra da soja para todos os insumos analisados, considerando o comparativo entre setembro de 2019 e de 2020. Além disso, dos sete itens levantados, cinco deles apresentaram desempenho favorável no comparativo de cinco anos. A relação com fertilizante de modulação 00-18-18, por exemplo, tem média de 19,43 sacas por t, registrou 20,37 sacas no ano passado e caiu para 13,12 sacas.

Considerando um fertilizante KCl, a relação saiu de 25,14 para 15,34 sacas, entre setembro de 2019 e setembro de 2020. Com um terceiro tipo, Super Simples, a relação de troca saiu de 16,90 para 11,26 sacas no comparativo anual e ficou muito abaixo da média histórica de 15,28 sacas, com preços dos insumos levantados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Para a análise, foram considerados os preços médios em Cascavel, no oeste do Paraná, que tem média de R$ 103,11/saca de 60 kg neste ano, mais de 30% acima de 2019, e em setembro ficou em R$ 138,81/saca, uma diferença positiva de 70,7% sobre setembro de 2019. Na praça de Rondonópolis, em Mato Grosso, a média anual do preço da soja está em R$ 96,24/saca, também mais de 30% superior aos R$ 72,67/saca da média do ano passado. Em setembro, o preço fechou a R$ 129,38/saca, 66,7% acima dos R$ 77,62/saca da média de setembro do ano anterior.