Com orçamento apertado, governo tenta ajustar Plano Safra 25/26
O governo federal enfrenta um grande desafio para viabilizar o Plano Safra 2025/26 dentro do orçamento disponível, sem repassar aumentos generalizados de juros aos produtores rurais. Segundo fontes da equipe econômica, será necessário “fazer mágica” para encaixar as linhas de financiamento previstas com os R$ 1,3 bilhão reservados para equalização de juros entre julho e dezembro de 2025.
Pressão sobre a equalização e os juros
A equalização é o subsídio pago pelo governo para compensar a diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas oferecidas aos produtores. Quando as taxas ao produtor são mais baixas, o custo para o Tesouro aumenta. Se forem elevadas demais, o crédito perde atratividade e compromete a eficácia da política pública. Assim, o governo busca um equilíbrio delicado para manter o crédito acessível sem extrapolar o teto de gastos.
Impacto fiscal e cenário de incerteza
Além das limitações de 2025, as regras definidas agora podem comprometer os orçamentos dos próximos anos. Um técnico alerta que o custo final ainda depende da análise das propostas dos ministérios da Agricultura, Fazenda e Desenvolvimento Agrário. Enquanto isso, paira a expectativa de uma nova alta na taxa Selic, que poderá ser decidida já nesta semana pelo Copom, elevando ainda mais os custos da subvenção.
Recursos vêm de sobras do crédito extraordinário
Os recursos para o Plano Safra virão de uma “sobra” dos R$ 4,1 bilhões liberados por meio de crédito extraordinário em fevereiro. Esse montante, aberto para reativar o plano anterior, teve parte remanejada pelo Ministério do Planejamento no fim de maio. Cerca de R$ 4,4 bilhões foram incorporados ao orçamento por meio de cancelamento de dotações de outras áreas, incluindo parte da reserva de contingência de ministérios.
Crédito rural pode alcançar até R$ 600 bilhões
Na safra atual, o governo ofertou mais de R$ 400 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 76 bilhões pelo Pronaf. Com o uso crescente de Cédulas de Produto Rural (CPR), o volume total de crédito rural pode ter se aproximado de R$ 600 bilhões. Ainda assim, a pressão fiscal continua forte. Desde a elaboração do orçamento, a alta dos juros — de quase 60% — criou uma situação imprevisível, segundo justificativa apresentada na MP 1.289/2025, que abriu o crédito adicional.
Fonte: GloboRural