Produção orgânica e agroecologia cresce em Campinas e se consolida como alternativas sustentáveis no campo
Um estudo conduzido por Victor de Carvalho, na Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, mapeou a produção orgânica em Campinas (SP) e destacou o papel das feiras livres e das redes agroecológicas no fortalecimento da agricultura familiar no estado de São Paulo.
Feiras livres impulsionam a agroecologia
A pesquisa identificou 110 produtores vinculados à Associação de Agricultura Natural de Campinas (ANC), com atuação nas feiras do Bosque dos Jequitibás e do Parque Ecológico. Os produtores seguem o modelo participativo de certificação por meio da OPAC (Organização Participativa de Avaliação da Conformidade). Essas feiras, ligadas à Rede de Agroecologia do Leste Paulista, são espaços essenciais para o escoamento da produção e fortalecimento de redes locais.
Produção orgânica: benefícios sociais, ambientais e econômicos
A agricultura orgânica em Campinas alia viabilidade econômica a funções estratégicas. Os produtos comercializados revelam alta agrobiodiversidade, contribuindo para a sustentabilidade dos sistemas produtivos. Segundo a pesquisadora Lucimar Abreu, da Embrapa Meio Ambiente, práticas como a diversificação de culturas e o uso de matéria orgânica estão se espalhando entre agricultores em transição para sistemas sustentáveis.
Oportunidades e desafios no Brasil
O estudo reforça o papel da agricultura de base ecológica frente aos impactos da agricultura convencional. Embora o número de produtores orgânicos cadastrados no Brasil tenha crescido 45% entre 2019 e 2024, a produção ainda representa apenas 0,5% da área agrícola nacional. O Sul do país, especialmente o Paraná, lidera esse crescimento, impulsionado por certificadoras e instituições de apoio.
Políticas públicas precisam avançar
Apesar dos avanços, os recursos destinados à agricultura familiar e orgânica seguem limitados. Em 2024, o novo PLANAPO destinou apenas 0,02% de seu orçamento ao setor. A baixa integração entre políticas públicas e a falta de dados atualizados dificultam a expansão da agroecologia.
Modelo participativo fortalece comunidades
Fundada em 1991, a ANC criou um sistema de certificação participativa que envolve produtores e consumidores. Esse modelo estimula o engajamento comunitário e garante o cumprimento dos princípios da agricultura orgânica. Para os pesquisadores, a crescente demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis impulsiona esse movimento.
Caminhos para um futuro sustentável
O trabalho integra o Projeto RedForte da Embrapa Meio Ambiente e destaca que o fortalecimento da agroecologia depende de políticas públicas específicas, acesso ao crédito e valorização da agricultura familiar. “A produção orgânica aponta alternativas viáveis para um desenvolvimento rural mais justo, solidário e em harmonia com o meio ambiente”, conclui Lucimar Abreu.
Fonte: Embrapa