Centro-norte compensa quebra no Sul, e Brasil deve colher 171 milhões de toneladas de soja
O Brasil deve colher pelo menos 171 milhões de toneladas de soja na safra 2024/25, atualmente em andamento. As previsões foram divulgadas nesta quarta-feira (19/2) pela Agroconsult e pela Hedgepoint. Apesar da quebra de produção em estados como Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, a produtividade elevada nas regiões do Centro-norte tende a compensar as perdas.
Projeções da Agroconsult e Hedgepoint
A Agroconsult estima uma colheita de 171,3 milhões de toneladas, resultado do Rally da Safra, expedição que percorre as principais áreas produtoras. O número representa uma redução de 1,1 milhão de toneladas em relação à projeção anterior, mas ainda assim superaria a safra 2023/24 em 15,8 milhões de toneladas, podendo estabelecer um novo recorde.
Já a Hedgepoint Global Markets prevê uma produção de 171,5 milhões de toneladas, um crescimento de 12% em comparação com o ciclo anterior. A consultoria destaca que, apesar das perdas em alguns estados, o Brasil deve superar a marca de 170 milhões de toneladas.
Impacto do Clima nas Regiões Produtoras
A quebra de safra no Sul impactou os números finais. No Rio Grande do Sul, a estiagem de 30 dias e temperaturas acima de 40 graus reduziram a produtividade para 39 sacas por hectare (antes projetadas em 49,5). Assim, a produção estadual caiu para 16 milhões de toneladas, ante 20,5 milhões na safra anterior.
No Mato Grosso do Sul, a estiagem encurtou o ciclo da soja, resultando na queda da produtividade de 56,5 para 49,5 sacas por hectare. Em algumas áreas, houve até abandono de lavouras.
Centro-Norte Sustenta Expectativa de Recorde
Nos estados do Centro-norte, a produtividade segue em alta, garantindo a projeção de safra recorde. O Mato Grosso lidera, com aumento de 63 para 66,5 sacas por hectare. A Bahia tem a maior produtividade média nacional, com 70 sacas por hectare, seguida por Goiás (68 sacas), Minas Gerais (67), Tocantins e Maranhão.
O Piauí registra produtividade de 60 sacas por hectare, enquanto Rondônia apresenta leve elevação. Paraná (62,5 sacas), São Paulo (63,5) e Santa Catarina (65) tiveram quedas moderadas.
Exportações e Logística
A Hedgepoint projeta que o Brasil exportará 107 milhões de toneladas de soja nesta temporada, um crescimento de 8% em relação à anterior. No entanto, a consultoria alerta para o risco de gargalos logísticos no segundo semestre, principalmente no Porto de Paranaguá.
A demanda interna por soja também deve crescer, impulsionada pelo setor de biodiesel. O esmagamento da soja deve atingir 56 milhões de toneladas (alta de 2%), com a produção de óleo de soja chegando a 11,5 milhões de toneladas (+3%) e o consumo interno aumentando 5%, para 10,5 milhões de toneladas.
China Deve Reduzir Importações
A China deve reduzir suas importações de soja em 3%, caindo de 112 para 109 milhões de toneladas. Apesar do maior consumo interno, os estoques chineses devem crescer 6%, chegando a 46 milhões de toneladas.
Na safra 2023/24, as importações chinesas do Brasil aumentaram 23%, para 77,3 milhões de toneladas, enquanto as compras dos EUA caíram 31%, para 20,9 milhões. A guerra comercial entre os países pode beneficiar o Brasil, caso haja taxação sobre a soja americana. Caso contrário, os preços devem cair com o avanço da colheita na América do Sul.
Fonte: GloboRural
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