Em setembro, IBGE prevê alta de 4,4% na safra de grãos de 2020
A estimativa de setembro de 2020 para a para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas alcançou 252,0 milhões de toneladas, 4,4% superior à de 2019 (241,5 milhões de toneladas), um aumento de 10,5 milhões de toneladas. Em relação ao mês anterior, a variação foi de 0,1%(296,1 mil de toneladas).
Estimativa de Setembro para 2020 | 252,0 milhões de toneladas |
Variação safra 2020 / safra 2019 | 4,4% (10,5 milhões de toneladas) |
Variação safra 2020 / 8ª estimativa 2020 | 0,1% (296,1 mil toneladas) |
A área a ser colhida foi de 65,2 milhões de hectares, crescimento de 3,1% (2,0 milhões de hectares) frente à área colhida em 2019. Em relação ao mês anterior, a área a ser colhida aumentou 0,1% (43,9 mil hectares).
O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos do grupo, somam 92,5% da estimativa da produção e 87,2% da área a ser colhida. Em relação a 2019, houve acréscimos de 3,2% na área do milho (mais 2,9% na primeira safra e 3,3% na segunda); de 3,5% na área da soja e de 0,1% na área do algodão herbáceo, mas declínio de 1,4% na área de arroz. Na produção, estimam-se altas de 7,0% para a soja, de 7,3% para o arroz e de 2,7% para o algodão herbáceo; mas decréscimo de 0,1% para o milho (mais 2,0% na primeira safra e menos 0,9% na segunda).
Para a soja foi estimada uma produção de 121,4 milhões de toneladas; para o milho, de 100,5 milhões de toneladas (26,5 milhões de toneladas na primeira safra e 73,9 milhões de toneladas na segunda); para o arroz, de 11,0 milhões de toneladas e, para o algodão, de 7,1 milhões de toneladas.
Em relação ao mês anterior, houve aumentos nas estimativas da produção do tomate (2,8% ou 108,5 mil toneladas), do café arábica (2,4% ou 65,8 mil toneladas), do algodão herbáceo (2,4% ou 163,3 mil toneladas), da batata-inglesa 3ª safra (1,3% ou 8,8 mil toneladas), da soja (0,3% ou 417,5 mil toneladas) e do milho 2ª safra (0,4% ou 272,7 mil toneladas).
Por outro lado, são previstos declínios da produção da laranja (-7,5% ou 1,4 milhão de toneladas), do trigo (-5,4% ou 388,2 mil toneladas), da batata-inglesa 2ª safra (-5,4% ou 61,1 mil toneladas), da aveia (-4,3% ou 47,4 mil toneladas), da cevada (-1,5% ou 6,1 mil toneladas), do café canephora (-0,5% ou 4,4 mil toneladas), da batata-inglesa 1ª safra (-0,4% ou 7,3 mil toneladas) e do milho 1ª safra (-0,1% ou 22,9 mil toneladas).
Mato Grosso lidera a produção nacional de grãos, com participação de 28,9%, seguido pelo Paraná (16,1%), Rio Grande do Sul (10,6%), Goiás (10,3%), Mato Grosso do Sul (8,0%) e Minas Gerais (6,3%), que, somados, representaram 80,2% do total nacional.
As altas nas estimativas da produção, em relação a agosto, ocorreram no MT (838,3 mil toneladas), em MG (374,7 mil toneladas), na BA (254,3 mil toneladas), em GO (35,3 mil toneladas), no CE (13,2 mil toneladas) e no AC (7,4 mil toneladas).
Estimam-se quedas em SP (-575,1 mil toneladas), no RS (-390,4 mil toneladas), no PR (-250,4 mil toneladas), no MA (-5,0 mil toneladas), no AP (-3,5 mil toneladas), no PA (-2,3 mil toneladas), no RN (-1,5 mil toneladas) e no ES (-50 toneladas).
Entre as regiões, o Centro-Oeste participa com 47,5%; o Sul, com 29,2%; o Sudeste, com 10,2%; o Nordeste, com 8,8% e o Norte, com 4,3%. A produção total de grãos apresentou variação anual positiva para quatro regiões, sendo negativa apenas para a Sul (-4,7%).
Destaques na estimativa de setembro de 2020
ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A nona estimativa da produção de algodão foi de 7,1 milhões de toneladas, aumento de 2,4% em relação à de agosto e recorde na série histórica do IBGE. Não houve modificação em relação à área plantada (1,6 milhão de hectares) e à área a ser colhida, mas o rendimento médio deve subir 2,4%, chegando a 4.339 kg/ha.
No Mato Grosso, maior produtor do País (68,8% do total), a estimativa de produção teve alta de 2,5% em relação à de agosto, atingindo 4,9 milhões de toneladas, e de 4,6% frente à de 2019. A Bahia, segundo maior produtor (21,0% do total), teve aumento de 3,1% frente à previsão de agosto, atingindo 1,5 milhão de toneladas, e de 0,3% em relação a 2019.
BATATA-INGLESA (tubérculo) – Estima-se uma produção de 3,4 milhões de toneladas, com queda de 1,7% em relação a agosto e de 11,8% frente a 2019. A área plantada e a área a ser colhida recuaram 1,9% frente a agosto, mas o rendimento médio cresceu 0,2%, graças aos aumentos na produção de São Paulo (-39,0%), Rio Grande do Sul (-19,5%) e Goiás (-21,9%).
A 1ª safra, estimada em 1,6 milhão de toneladas, apresenta retração de 0,4% frente ao mês anterior e de 3,0% em relação ao ano anterior, com destaque negativo nessa segunda comparação para SP (-2,8%) e RS (-19,8%), apesar das altas em SC (6,1%), PR (4,0%), ES (1,5%) e MG (1,6%).
Para a 2ª safra, a produção estimada, de 1,1 milhão de toneladas, foi 5,4% menor do que em agosto e 10,0% inferior à de 2019.
Já para a 3ª safra, a estimativa da produção, de 676,4 mil toneladas, apresenta crescimento de 1,3% em relação ao mês anterior, mas declínio de 29,5% em relação a 2019.
CAFÉ (em grão) – A estimativa da produção brasileira de café foi de 3,6 milhões de toneladas, ou 60,6 milhões de sacas de 60 kg, crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior. A área plantada teve declínio de 0,6%, alcançando 1,9 milhão de hectares, porém o rendimento médio aumentou 2,2%, para 1.925 kg/ha.
Em relação a 2019, estima-se uma produção 21,5% maior, sendo recorde da série histórica do IBGE. A área plantada aumentou 4,2%, enquanto que o rendimento médio cresceu 16,7%.
Para o café arábica, a produção estimada foi de 2,8 milhões de toneladas, ou 46,1 milhões de sacas de 60 kg, crescimento de 2,4% em relação ao mês anterior, sendo recorde da série histórica do IBGE. A maior variação do mês coube a Minas Gerais, maior produtor nacional do café arábica (71,1% do total), com alta de 1,6% em relação a agosto e de 32,6% em relação a 2019, e produção estimada em 2,0 milhões de toneladas. Em São Paulo, segundo maior produtor, a alta foi de 5,9% em relação a agosto e de 39,7% em relação a 2019, devendo alcançar 370,0 mil toneladas.
Para o café canephora, mais conhecido como conillon, a estimativa da produção, de 870,6 mil toneladas, ou 14,5 milhões de sacas de 60 kg, apresenta declínio de 0,5% em relação a agosto e de 5,7% em relação ao ano anterior. No Espírito Santo, maior produtor (64,3% do total), a estimativa está 2,2% menor que a de agosto, devendo alcançar 560,0 mil toneladas, e 12,1% abaixo da de 2019.
CEREAIS DE INVERNO (em grão) – A estimativa da produção do trigo teve queda de 5,4% em relação ao mês anterior, mas ainda registra alta de 30,6% em relação a 2019, somando 6,8 milhões de toneladas. A região Sul deve responder por 88,0% da produção tritícola nacional, e no Paraná, maior produtor (48,6% do total) estima-se uma produção de 3,3 milhões de toneladas, com queda de 4,4% em relação a agosto, mas alta de 55,8% frente a 2019.
Já a estimativa da produção da aveia foi de 1,0 milhão de toneladas, com declínio de 4,3% em relação ao mês anterior. O clima adverso também comprometeu as produções do Rio Grande do Sul e do Paraná, maiores produtores brasileiros do cereal, com estimativas de 713,0 e 203,0 mil toneladas, respectivamente. Em relação ao ano anterior, a produção brasileira da aveia deve crescer 14,4%.
Para a cevada, a produção estimada está em 412,3 mil toneladas, declínio de 1,5% em relação ao mês anterior. Os maiores produtores do cereal são Paraná, com 289,7 mil toneladas, e Rio Grande do Sul, com 108,6 mil toneladas. Em relação ao ano anterior, a produção brasileira da cevada deve apresentar crescimento de 3,0%.
LARANJA – A produção estimada em setembro é de 17,0 milhões de toneladas, ou 416,7 milhões de caixas de 40,8 kg, queda de 7,5% em relação ao mês anterior, com reduções de 1,8% na área plantada e 5,8% no rendimento médio das lavouras. Em São Paulo, principal produtor (77,0% do total), a produção foi estimada em 13,1 milhões de toneladas, com reduções de 3,0% na área a ser colhida e de 6,8% na produtividade dos laranjais, impactando negativamente a produção em 9,6% frente a 2019.
MILHO (em grão) – A safra de milho de 2020, bem como a 2ª safra do cereal representam a segunda maior da série histórica do IBGE, perdendo apenas para a de 2019. Em relação à última informação, a estimativa da produção cresceu 0,2%, totalizando 100,5 milhões de toneladas. A área plantada foi de 18,2 milhões de hectares, apresentando crescimento de 0,2%, enquanto que o rendimento médio cresceu 0,1%.
Em relação ao ano anterior, a produção caiu 0,1% (ou 110,1 mil de toneladas a menos), com queda de 3,2% no rendimento médio, embora haja aumentos de 2,7% na área a ser plantada e de 3,2% na área a ser colhida. A primeira safra deve participar com 26,4% da produção brasileira de 2020 e, a segunda, com 73,6%.
Na 1ª safra, a produção alcançou 26,5 milhões de toneladas, declínio de 0,1% em relação a agosto, mas alta de 2,0% em relação a 2019. A produção gaúcha caiu 27,7% devido à estiagem prolongada, que fez com que o Rio Grande do Sul deixasse de figurar como o maior produtor de milho dessa safra, sendo ultrapassado por Minas Gerais. A produção mineira foi de 4,7 milhões de toneladas, enquanto a gaúcha ficou em 4,2 milhões de toneladas.
Para a 2ª safra, estima-se uma produção de 73,9 milhões de toneladas, com alta de 0,4% em relação a agosto (272,7 mil toneladas). Os aumentos mais significativos foram em Mato Grosso (1,7% ou 546,7 mil toneladas), Minas Gerais (7,6% ou 215,8 mil toneladas), Bahia (28,1% ou 135,0 mil toneladas), Goiás (0,2% ou 15,3 mil toneladas) e Acre (288,3% ou 8,0 mil toneladas). Os recuos foram em São Paulo (-19,9% ou 535,8 mil toneladas) e Paraná (-1,0% ou 112,6 mil toneladas). Frente a 2019, a produção do milho 2ª safra caiu 0,9% e o rendimento médio se reduziu em 4,0%.
SOJA (em grão) – A produção de soja de 2020 é mais um recorde, tendo totalizado 121,4 milhões de toneladas, com alta de 7,0% em relação à safra de 2019. Na atualização mensal, houve alta de 0,3% no volume colhido, impactado, principalmente, pelos dados levantados pela Bahia (1,5% ou 92,5 mil), Minas Gerais (3,1% ou 185,7 mil toneladas), Paraná (0,1% ou 18,6 mil toneladas) e Mato Grosso (0,6% ou 222,1 mil toneladas). Já as quedas foram em São Paulo (-2,2% ou 89,5 mil toneladas) e no Rio Grande do Sul (-0,1% ou 8,6 mil toneladas).
A produção da leguminosa só não foi maior devido à queda de 39,4% (ou 7,3 milhões de toneladas) na produção gaúcha, devido à estiagem, que também afetou o rendimento médio do grão, que deve ficar em 1.882 kg/ha, 40,8% abaixo da média de 2019 (3 178 kg/há).
TOMATE – A produção deve atingir 4,0 milhões de toneladas, com alta de 2,8% em relação a agosto, devido à reavaliação de 2,7% na área plantada. As maiores reavaliações em setembro ocorreram em São Paulo (16,1%) e Goiás (-3,0%), os dois maiores produtores nacionais, responsáveis por 25,7% e 28,5% da produção, respectivamente.
Frente a 2019, houve queda 1,9% na produção e de 3,0% na área plantada. A alta do dólar onerou bastante a produção dessa cultura, que utiliza insumos importados.
Publicado em: Agro&Negócios