É hora de reeducar a sociedade sobre o papel do seguro
É hora de reeducar a sociedade sobre o papel do seguro
O aumento da frequência de tragédias, como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, escancara um fato: os riscos estão crescendo e o ambiente em que vivemos está mudando rapidamente. Esse cenário coloca o setor de seguros e resseguros em 2025 diante de um desafio que vai além do crescimento. Além de revisar modelos de análise e precificação, é essencial reeducar a sociedade sobre a importância do seguro como instrumento de proteção coletiva e individual.
Relatórios recentes, como o da Organização Meteorológica Mundial, mostram que o Brasil enfrentou 12 eventos climáticos extremos em 2023, sendo nove deles classificados como incomuns e dois sem precedentes. Essa realidade confirma os impactos diretos das mudanças climáticas em nosso cotidiano, tornando o seguro mais necessário do que nunca.
O papel do seguro na gestão de riscos
Ao longo dos séculos, o mercado de seguros e resseguros construiu uma rede de proteção social eficaz em economias desenvolvidas. No entanto, no Brasil, há um grande desafio: a lacuna de proteção, ou seja, a diferença entre as perdas econômicas e as perdas seguradas.
Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), apenas 7% das perdas econômicas causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 estavam seguradas, deixando 93% desprotegidos. Esse índice coloca o Brasil entre os países com maior déficit, ao lado da China e da Índia. Essa lacuna reflete uma incapacidade coletiva de reconhecer e mitigar riscos, expondo a sociedade a consequências econômicas e sociais severas.
Mitos e desafios culturais
A baixa adesão ao seguro no Brasil também está associada a fatores culturais e mitos como:
- “Riscos climáticos são improváveis”;
- “Minha propriedade está segura sem seguro”;
- “O seguro é caro e complicado”.
Além disso, o mutualismo, princípio fundamental do seguro, muitas vezes não é compreendido. Esse conceito de “um por todos e todos por um” é um exercício de cidadania, onde todos contribuem para a proteção coletiva, promovendo o bem-estar social.
Educação e comunicação como ferramentas de transformação
Para ampliar a adesão ao seguro, é essencial investir em educação e comunicação que esclareçam os benefícios e desmistifiquem preconceitos. O seguro deve ser apresentado como um instrumento estratégico para minimizar incertezas e garantir proteção financeira em momentos de crise.
Além disso, é urgente ampliar o acesso às soluções de seguro por meio de políticas públicas e produtos adaptados às necessidades da população. Essa abordagem garante não apenas a proteção de bens e patrimônios, mas também o fortalecimento da economia e o crescimento sustentável.
A relevância do seguro para o futuro
Como sociedade, precisamos enxergar o seguro não apenas como uma despesa, mas como um investimento essencial para a proteção coletiva. Tratar o seguro como prioridade é um passo importante para que o Brasil se torne mais resiliente e menos vulnerável às mudanças climáticas e outros riscos.
A mobilização por meio da educação e de estratégias de comunicação efetivas pode ajudar a construir uma cultura de responsabilidade, cidadania e solidariedade, colocando o seguro no centro da gestão de riscos do país. Do contrário, continuaremos atrasados, desprotegidos e vulneráveis diante de um futuro incerto.
Fonte: Revista Apólice
Publicado em: Mercado Segurador, reeducação, seguro