Uso excessivo de água no Matopiba pode comprometer até 40% da irrigação na região
A exploração intensa dos recursos hídricos no Matopiba — área agrícola que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —, somada à seca severa e ao aumento de incêndios no Cerrado, pode resultar em uma crise hídrica iminente. Segundo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), publicado no Ambio – Journal of Environment and Society, de 30% a 40% da demanda por irrigação agrícola no Matopiba pode ficar comprometida entre 2025 e 2040, o que afetaria a produtividade da região. Esse cenário indica uma ameaça à agricultura e também ao abastecimento urbano.
Pressão nos Recursos e Impactos na Sustentabilidade
O uso intensivo de água, associado a mudanças climáticas, torna o atual cenário preocupante. A pesquisadora Minella Alves de Martins, do Inpe, enfatiza que a exploração inadequada compromete a sustentabilidade agrícola. Dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) mostram que 90% da água do Rio Grande, que abastece o sudeste do Matopiba, é direcionada à irrigação. Além disso, o aumento da demanda hídrica deve alcançar 2,18 m³/s entre 2031 e 2040, sobrecarregando ainda mais o sistema.
Medidas para Preservação Hídrica
Para enfrentar esse desafio, os pesquisadores recomendam a atualização das outorgas para uso de água, a fim de alinhar a exploração aos limites ecológicos. Também sugerem intensificar o monitoramento dos poços usados pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) para evitar extrações excessivas ou clandestinas. “A fiscalização das retiradas de água e o combate a poços irregulares são fundamentais para garantir o equilíbrio do sistema”, aponta Minella.
Proteger a Recarga dos Aquíferos e Preservar o Solo
Outro ponto crucial é a proteção das áreas de recarga dos aquíferos. O estudo observa que a ausência de vegetação nativa impede a infiltração da água da chuva, que escoa superficialmente, reduzindo a formação de canais subterrâneos. Com a preservação da vegetação, é possível fortalecer a captação de água e garantir a sustentabilidade hídrica a longo prazo.
Fonte: GloboRural