Energias renováveis podem tornar Brasil líder global em ferro e aço verde
A produção de hidrogênio verde demanda grandes quantidades de energia renovável, um setor no qual o Brasil já se destaca como líder mundial. De acordo com o Global Integrated Power Tracker do Global Energy Monitor (GEM), o Brasil ocupa posições de destaque em fontes renováveis, sendo o segundo lugar mundial em operação de energia hidrelétrica e capacidade de bioenergia. Além disso, está em sétimo lugar na capacidade eólica e em nono na capacidade solar de larga escala.
Oportunidades para a Descarbonização da Siderurgia
Embora atualmente três quartos da siderurgia brasileira dependam do carvão, as vastas opções de energias renováveis no país abrem oportunidades para a produção de hidrogênio verde em larga escala. Isso pode permitir que o Brasil desenvolva uma indústria de exportação de ferro verde, ao mesmo tempo que reduz as emissões no setor siderúrgico doméstico.
Os dados do GEM indicam que o Brasil possui 180 gigawatts (GW) de projetos de parques eólicos em fase de anúncio ou construção, colocando o país em terceiro lugar global, atrás apenas da China e Austrália. Já no setor solar, o Brasil possui 139 GW de capacidade potencial, ocupando o segundo lugar mundial.
Expansão do Hidrogênio Verde
Desde 2021, o Brasil tem investido na expansão de sua capacidade de hidrogênio verde. Em agosto de 2024, o marco legal para a produção de hidrogênio de baixo carbono foi sancionado, ampliando as possibilidades para a produção de ferro de redução direta (DRI) com menores emissões. O Nordeste brasileiro, com alto potencial eólico e solar, é a região mais promissora para essa produção.
O Ministério de Minas e Energia estima que o Brasil possa produzir até 1,8 gigatoneladas de hidrogênio de baixo carbono por ano, a um custo inferior ao de qualquer outro país.
Desafios para a Descarbonização do Aço
Apesar do enorme potencial, o caminho para a descarbonização total do setor siderúrgico brasileiro apresenta desafios significativos. Investimentos recentes em fornos a carvão de alta intensidade devem retardar a transição para tecnologias mais limpas, enquanto a volatilidade no fornecimento de sucata impede o desenvolvimento de fornos a arco elétrico (EAF) de baixas emissões.
Embora algumas siderúrgicas menores tenham adotado o uso de biocarvão em substituição ao carvão, essa mudança é limitada, e a dependência do carvão continua.
Caminhos para o Futuro
O Fórum Econômico Mundial estima que, sem iniciativas proativas, as emissões da indústria siderúrgica brasileira podem aumentar até 30% até 2050. Para evitar esse cenário, o Brasil precisa adotar políticas ousadas e buscar cooperação internacional. Aproveitar seus recursos naturais, como as fontes de energia renovável e o minério de ferro de alta qualidade, será essencial para consolidar sua liderança na produção de ferro e aço de baixas emissões.
Fonte: IG