Ouvidoria 0800 718 2048 | SAC 0800 200 6070 | Sinistros 0800 202 2042

Manchetes do Mercado

29 de maio de 2023

Mudanças climáticas fragilizam setor elétrico brasileiro

Compartilhe

O Brasil carece de uma política concreta para enfrentar os impactos das mudanças climáticas sobre seu sistema elétrico, predominantemente composto por hidrelétricas, mostra pesquisa elaborada pela Coalizão Energia Limpa, grupo de organizações da sociedade civil que inclui o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Instituto ClimaInfo, Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Instituto Internacional Arayara e Instituto Pólis.

Quase 60% de toda a eletricidade do país é hidrelétrica. Esta fonte de energia não contribui para piorar a crise climática, mas é extremamente vulnerável aos seus efeitos. Um exemplo disso, segundo os pesquisadores, é o fato dos modelos tradicionais de previsão da precipitação e dimensionamento da operação dos reservatórios não estarem apresentando resultados consistentes, mesmo para horizontes curtos.

Segundo o material, ao não considerar adequadamente as alterações no clima, o planejamento elétrico nacional está contando com um volume de chuvas representado pelo histórico de precipitação que pode não ocorrer, obrigando a tomada de medidas emergenciais que encarecem e poluem a matriz energética, como ocorreu na crise hídrica de 2021.

Neste contexto, não se recomenda a inclusão de novas hidrelétricas onde, segundo modelos, existe previsão de diminuição da precipitação, como a região Nordeste e parte da região Norte. Além da precipitação média, está sendo observado nos modelos climáticos uma alteração no perfil das chuvas, ou seja, os períodos úmidos começam a ser menores com uma densidade maior de chuva. Isto tende a ser ruim para usinas hidrelétricas com reservatório pequeno ou usinas a fio d’água que têm sido bastante comuns nas novas usinas.

Modelo hidro-solar-eólico
Por outro lado, tornar o sistema elétrico brasileiro mais resiliente é possível, inclusive, em função da própria mudança climática. Segundo o estudo, os modelos climáticos também apontam para um incremento nos ventos e na radiação solar na região nordeste, o que intensifica a constatação de que esta localidade deverá ser um grande exportador de energia renovável.

“O Brasil pode exercer um papel estratégico na geopolítica global, sendo pioneiro na transição energética viabilizada a partir da construção de um sistema hidro-solar-eólico. Isto permitiria a redução dos custos da energia elétrica e uma maior competitividade global dos produtos brasileiros, o que, por sua vez, contribuiria para a retomada da economia e a redução das desigualdades sociais que assolam o país”, diz o estudo.

A pesquisa alerta que há necessidade urgente de estabelecer um plano de resiliência climática para o setor elétrico a partir do mapeamento de suas vulnerabilidades e que os investimentos em infraestrutura e o direcionamento das políticas públicas para o setor devem ser orientados para a diversificação da matriz, especialmente via expansão de fontes renováveis.

Um dos pontos sugeridos pelos pesquisadores é aumentar a descentralização do sistema por meio da geração no local de consumo, inclusive com instalação de sistemas de armazenamento como baterias junto com a geração fotovoltaica, solução que tende a diminuir a vulnerabilidade do sistema.

Fonte: Portal Solar

Publicado em: