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27 de dezembro de 2022

Asfalto de plástico pode evitar 80 bilhões de embalagens poluindo o mar

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Um trecho da Rodovia Washington Luís, que liga Rio Claro a São Carlos (SP), tem agora um tipo de asfalto único no Brasil: 200 mil embalagens plásticas foram utilizadas para pavimentar a estrada entre os quilômetros 170 e 171.
O experimento é importante porque mostra que a nova tecnologia pode ser uma grande aliada para combater a poluição plástica que afeta especialmente os oceanos e, consequentemente, a saúde de todos nós.

“As estradas do Brasil tem mais de 1,7 milhão km, mas somente pouco mais de 211 mil km são pavimentados, o que representa 12,3% do total. Se essa tecnologia fosse utilizada em todas as rodovias asfaltadas, mais de 80 bilhões de embalagens plásticas poderiam ser eliminadas do meio ambiente”, explica Renata Pimentel, cientista de Suporte Técnico e Desenvolvimento de Aplicações para plásticos da empresa Dow, responsável pela obra.

A representante da empresa conta que a primeira “Plastic Road”, ou “Estrada de Plástico”, como é conhecida essa tecnologia, foi inaugurada em 2019, na Cidade do México. Por lá, em dois quilômetros foram utilizados quase uma tonelada de plástico pós-consumo, o que equivale a 250 mil embalagens plásticas flexíveis.

Mas como se faz um asfalto de plástico?
Primeiro, as cooperativas de reciclagem de lixo parceiras fazem a seleção e separação dos resíduos plásticos de interesse para o projeto, a partir de todo reciclável de Rio Claro.

Apenas as embalagens flexíveis que haviam sido utilizadas para proteger bolachas, pães, biscoitos, salgadinhos, entre outros são utilizadas.

Antes de serem incorporadas ao asfalto, essas embalagens plásticas são:
Lavadas para evitar que haja qualquer tipo de contaminação;
Cortadas em pequenos pedaços para facilitar o processo;
Moídas até se transformarem em grãos do tamanho de uma semente de ervilha;
Depois disso, chega a vez de misturar os grãos ao asfalto líquido (piche).

Na sequência, esse ligante misturado com plástico é enviado à usina de asfalto, onde ocorre a mistura com pedras, dentro de um grande tambor aquecido a altas temperaturas, até atingirem a consistência ideal para aplicação na via, cuja composição é de aproximadamente 95% de pedras e 5% de asfalto.

Após todas essas etapas e com todos os controles e testes laboratoriais realizados, o asfalto com plástico fica pronto para a pavimentação.

“O processo é exatamente o mesmo, em comparação a outras rodovias construídas com outros tipos de asfaltos modificados”, acrescenta Renata. Para esse projeto em específico, as medições e simulações realizadas durante os ensaios de desenvolvimento em escala de laboratório mostraram que a composição com o plástico entrega no mínimo 30% a mais de durabilidade e performance, que significa conseguir suportar cargas mais pesadas e um fluxo de trânsito mais intenso.

Ecoa conversou com o ativista ambiental Thiago Oliveira, idealizador do projeto Desengarrafando Mentes, que avaliou as potencialidades da nova tecnologia. O especialista considerou a novidade um avanço significativo em aspectos ambientais e econômicos. A mudança, segundo ele, tornaria o processo de produção de asfalto mais sustentável e criaria uma cadeia logística. “A solução ideal para a questão plástica é ressignificar a indústria, o que está muito longe ainda de acontecer. Porém, esse é um grande passo e acredito que não serve só para o asfalto: o plástico tem muitas demandas que solucionariam questões relativas ao cimento, a blocos, a objetos residenciais, objetos industriais.”
Thiago explica que dar essa finalidade ao plástico é uma ótima opção especialmente quando se pensa no movimento constante do Brasil de pavimentar e repavimentar estradas.

“Se você for pensar nas centenas de anos de expectativa que a gente tem para que esses plásticos permaneçam na face da Terra, dentro dos oceanos, consequentemente dentro dos seres marinhos e dentro de nós, é uma das boas soluções. Já tem estudos que mostram bebês nascendo com micro plástico na placenta. A água que a gente ingere já tem micro plástico. Então, é uma solução que eu acho que não é nem imediata: ela vai gerar um impacto nas próximas gerações, nos próximos séculos.”

O ativista lembra que há uma perspectiva desesperadora para 2050, anos no qual os estudos apontam que haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. “Precisamos mesmo de soluções porque estamos gerando um passivo gigante para as próximas gerações, que terão que lidar com esse problema de uma forma mais intensa do que a nossa”, alerta.

Fonte: UOL

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