Estiagem preocupa produtor de soja na Fronteira oeste gaúcha
A área projetada de soja para a safra 2022/2023 no Rio Grande do Sul é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha, de acordo com o último boletim da Emater/Ascar-RS. A média estadual é de 90% implantados.
Em relação às fases de desenvolvimento, 98% encontram-se na vegetativa e 2% em florescimento. O estado geral das lavouras também é condicionado pela suficiência ou insuficiência de precipitações. Onde o teor de umidade é mais próximo ao ideal, há bom estabelecimento inicial, observando-se apenas falhas pontuais no estande. Já em regiões onde a insuficiência de chuvas ocorre desde o final do mês de novembro, há problemas para o estabelecimento inicial, com necessidade de replantio, e sintomas acentuados de estresse hídrico, como murchamento e morte de plantas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a umidade na camada superficial do solo, está bastante reduzida. Nesse cenário, a maioria dos produtores aguarda a ocorrência de chuvas para a conclusão do plantio. Em algumas lavouras, justificada por sua elevada extensão, o plantio está sendo realizado em solo seco, pois se o volume de chuvas esperado não for expressivo, a umidade ideal pode ser perdida antes de finalizar a operação. Contudo, pode haver perdas significativas no vigor e na germinação, caso o período seco seja prolongado. A área semeada alcança 88% da estimada.
De maneira geral, as lavouras estabelecidas na região da Campanha continuam com bom estado. Porém, as cultivares precoces já estão em fase inicial de floração e são necessárias precipitações para a fixação das flores e para o aumento do porte das plantas. Em parte da Fronteira Oeste, o quadro de estiagem é mais acentuado. Em Manoel Viana, já se observam perdas estimadas em 20%. Em Maçambará, houve morte de plântulas causada pelo tombamento fisiológico, ou cancro de calor, devido às altas temperaturas na superfície do solo, que acabam desidratando e consequentemente estrangulando o tecido tenro do hipocótilo.
Em Caxias do Sul, as lavouras apresentam boa germinação, estabelecimento e desenvolvimento inicial. Em Ijuí, a área semeada é de 92%. A cultura apresenta desenvolvimento mais lento, com baixo número de folhas, folhas pequenas, raízes pouco desenvolvidas e, nos horários mais quentes do dia, sintomas de estresse hídrico. Há presença de tripes nos trifólios em início de desenvolvimento.
Em Pelotas, a semeadura da soja ficou paralisada entre 11 e 18/12, devido à falta de umidade nos solos. Foram semeados 92% da área de intenção de cultivo da região. Em Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Tavares e Santa Vitória do Palmar, a operação já foi concluída. As lavouras estão com bom estande, porém o desenvolvimento vegetativo é lento pela falta de umidade nos solos. Em casos extremos, ocorrem mortes de plantas, causadas pelo calor e elevada radiação solar. Os produtores acionaram a cobertura de Seguro Agrícola.
Em Porto Alegre, prosseguiu o plantio, alcançando 90% da área projetada. As lavouras estão em estádio de desenvolvimento vegetativo, e as chuvas têm sido suficientes para o bom estabelecimento da cultura.
Em Santa Maria, a semeadura foi praticamente paralisada. Estima-se em 95% a área plantada. No Vale do Jaguari, há atraso, e o índice é inferior a 90% em São Francisco de Assis e em São Vicente do Sul. A irregularidade das chuvas causa preocupação, pois muitas lavouras já iniciaram o período reprodutivo, e outras necessitaram ou necessitam, ainda, serem replantadas.
Em Santa Rosa, a semeadura avançou moderadamente no período somente em localidades onde o solo recuperou a umidade e alcançou 92%. Nessas áreas, a chuva também contribuiu para a retomada da germinação de sementes, que, por falta de umidade, não haviam emergido. Nas áreas que não ocorreram chuvas, verificam-se as primeiras perdas por falhas de germinação e morte de plântulas. As lavouras de maior porte ainda apresentam estado satisfatório, e os produtores realizaram controle fitossanitário às lagartas e ácaros, cujos ataques ocorrem preferencialmente em períodos secos.
Em Soledade, embora com distribuição irregular de chuvas na região, a semeadura continua. De modo geral, as lavouras apresentam bom estabelecimento e desenvolvimento vegetativo normal. Muitos produtores realizam a aplicação de fungicidas preventivos nas primeiras lavouras implantadas.
Fonte: Clima Tempo
Publicado em: Agro&Negócios