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Manchetes do Mercado

6 de dezembro de 2022

Recuo do IGP-M em 0,56% traz refresco no reajuste do aluguel

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Comum às famílias brasileiras que pagam ou recebem dinheiro de imóveis alugados, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de novembro repetiu a tendência de outubro, e registrou deflação de 0,56% ante queda de 0,97% no mês anterior. Publicado na última semana pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a sinalização de queda nos preços de reajustes de contratos de locação pode representar um alívio ao bolso do consumidor no curto prazo. Segundo o economista Roberto Piscitelli, porém, o ciclo que indica deflação nos índices macroeconômicos do país está próximo do fim.

Professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UnB) e colaborador do Conselho Federal de Economia (Confecon), Piscitelli relembra que a onda constante de queda de preços, este ano, é motivada por ações pré-eleitorais e efêmeras de redução de tributos — como o teto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) — nos combustíveis e na área de telecomunicações.

Promovidas pelo governo federal em meados de julho, essas medidas não irão segurar os preços de forma perene, já que as iniciativas que estabelecem uma alíquota na cobrança do ICMS, por exemplo, têm validade até o último dia de dezembro. Na avaliação de Piscitelli, há sinais que já mostram a tendência para o fim deste ciclo a partir de agora.

Na formação do IGP-M, por exemplo, incluem-se os dados referentes aos Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M). Diante disso, a explicação para a queda na taxa que mede o reajuste dos aluguéis ocorre devido ao desempenho do IPA-M, “que tem um peso maior na formação do IGP-M e foi exatamente o índice que registrou queda em novembro”. “Agora, se você partir dos dados do IPC-M e do INCC-M, haverá registros de subida”, afirma o professor.

A questão do peso dos índices no IGP-M é dividida da seguinte forma: IPA-M representa 60% do cálculo, enquanto IPC-M e INCC-M impactam 30% e 10%, respectivamente. O desempenho do Índice de Preços ao Produtor Amplo, em novembro, caiu 0,94%. IPC-M, por sua vez, acelerou de 0,50% para 0,64%, com inflação acumulada em 12 meses de 4,71%. O INCC-M avançou de 0,04% para 0,14%, conforme já divulgado pela FGV.

Inflação de volta
Além de dezembro significar o término da validade das medidas de redução nos tributos direcionados a combustíveis, alimentos e telecomunicações, o panorama mundial implica no arrefecimento da produção. Como exemplos deste cenário, o professor Roberto Piscitelli corrobora a ideia de que fatores “exógenos” como a guerra na Ucrânia, podem provocar a redução da oferta global por causa da tendência de aumento de juros nos países da Europa e nos Estados Unidos.

“Nossa tendência de inflação está muito associada a aumentos de custos e a fatores exógenos”, pontua. Essa opinião vai de encontro à ideia de que o Brasil viveria um choque inflacionário provocado pelo aumento do consumo.

Neste ano, a projeção para a inflação, de acordo com analistas de mercado, é de cerca de 5,25%.

Dívidas
Ainda na avaliação do economista, a ideia de que o aumento de preços seria uma consequência da ida às compras não tem relação com a realidade das famílias brasileiras. Roberto Piscitelli destaca que o maior impacto estava nos elevados custos com a alimentação e com os combustíveis.

“O consumo até teve um ‘respiro’ por causa de medidas eleitoreiras do governo, mas não se pode esquecer que o que mais vinha impactando a inflação eram alimentos e combustíveis. A retirada de certos estímulos é o que vai pressionar os preços. Além disso, não há como colocar a inflação na hipótese de aumento do consumo porque há um grande número de famílias que estão com dívidas e negativadas”, explica.

O endividamento no país, segundo uma pesquisa divulgada em outubro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), abrange 80% das famílias. Trata-se do maior volume desde 2010, quando teve início a série histórica da CNC.

O estudo revela que a maioria das dívidas está atrelada a serviços em geral, como contas de luz, de telefone e de internet, carnês de loja e prestações de carro e casa, e não às instituições financeiras.

Nesse contexto, ainda de acordo com Piscitelli, a tendência é a de que as pessoas acumulem esforços para regularizar o crédito.

Conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a maioria das famílias endividadas ganha menos de 10 salários mínimos, o que corresponde a R$ 12.120.

Fonte: Correio Braziliense

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