Usinas e destilarias no Centro-Sul do Brasil processaram 453 mil toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de dezembro, queda de 38,16% em comparação com igual período de 2019, quando foram moídos 733 mil toneladas. Os dados fazem parte do levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), divulgado há pouco.

A safra na região já está praticamente terminada, e a produção até o início da próxima temporada deve ser principalmente de etanol de milho. De acordo com a Unica, sete empresas encerraram a moagem na última quinzena de 2020. Com isso, são 258 unidades com safra encerrada em 2020/21, ante 257 um ano antes. “Em janeiro de 2021, 10 unidades devem seguir produzindo, sendo 5 exclusivas de etanol de milho, 3 processando cana-de-açúcar e 2 unidades flexíveis que utilizam milho e cana-de-açúcar como matéria-prima”, informa a entidade em comunicado.

O mix sucroenergético na quinzena ficou em 83,06% para o etanol e apenas 16,94% para o açúcar. A fabricação do adoçante foi de 11 mil toneladas nos últimos 15 dias do mês passado, 13,68% a menos do que no mesmo período de 2019.

A produção de etanol, por sua vez, alcançou 146 milhões de litros na segunda quinzena de dezembro, 6,60% a mais do que os 137 milhões de litros de igual período do ciclo 2019/20. Do total de biocombustível produzido, o hidratado, utilizado diretamente no abastecimento dos veículos, representou 106 milhões de litros, enquanto o etanol anidro, adicionado à gasolina, somou 40 milhões de litros. O volume do anidro representa um recuo de 24,38% na comparação anual; já o hidratado apresenta ganho de 25,94%. O aumento do hidratado, de acordo com nota da Unica, se deve ao etanol de milho, que teve produção de 88,67 milhões de litros na quinzena.

A qualidade da matéria-prima processada na primeira quinzena de dezembro, medida a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), atingiu 152,61 kg por tonelada na última quinzena de 2020 ante 128,94 kg verificados em igual quinzena da safra passada, alta de 18,36%.

Acumulado – A moagem de cana no acumulado da safra 2020/2021 atingiu 597,360 milhões de toneladas, aumento de 3,16% sobre os 579,086 milhões de toneladas de igual período do ciclo 2019/2020. No acumulado do ciclo 2020/2021, a safra alcançou 145,19 quilos de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, 4,31% superior ao valor apurado no último ciclo agrícola.

Desde o início da safra 2020/2021 até 1º de janeiro, 46,22% da matéria-prima foi destinada à fabricação de açúcar, ante 34,48% em igual período de 2019. Assim, a produção acumulada de açúcar soma 38,195 milhões de toneladas, montante 44,22% superior aos 26,483 milhões de toneladas produzidas um ano antes. Já o volume de etanol produzido no acumulado da safra 2020/2021 totalizou 29,296 bilhões de litros, 8,87% inferior ao assinalado na última safra, com o etanol anidro recuando 2,70% e o hidratado, 11,60%.

O mix desta temporada tem sido mais açucareiro porque as usinas aproveitam os bons preços do adoçante em reais – causados pela quebra de safra de outros produtores importantes, pela desvalorização do real ante o dólar e pela indefinição com o subsídio para exportações da Índia – e porque a pandemia da covid-19 reduziu a demanda por combustíveis no País durante alguns meses do ano passado.

O etanol de milho tem produção acumulada de 1,35 bilhão de litros entre o início da safra 2020/21 e 1º de janeiro, um avanço de 82,72% em relação ao mesmo período da temporada anterior.
(Estadão)