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Manchetes do Mercado

29 de julho de 2021

Apólices na medida certa

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Apenas 20% das áreas plantadas no país têm cobertura e seguradoras preveem grande potencial de crescimento em todo o país.

 

As mudanças climáticas e o efeito pandemia estão servindo de alavanca para o seguro rural no país. Os estímulos dados pelo governo federal na subvenção das apólices do setor também acirram a disputa por um ramo que há cinco anos era olhado com menor interesse pelas seguradoras.

A briga é por um segmento que saltou de R$ 3,64 bilhões em 2016 para R$ 6,88 bilhões em 2020. Em relação a 2019, o avanço foi de 30%. E neste ano o desempenho do setor será ainda melhor.

De janeiro a abril, o total de prêmios emitidos saltou 41% ante igual período de 2020, para R$ 2,51 bilhões, segundo a Superintendência de Seguros Privados ( Susep). A nova dinâmica tem elevado o número de seguradoras atuando no ramo. Eram 11 em 2019 e hoje são 15. A alta na subvenção do seguro rural, que saiu de 881 milhões em 2020 para R$ 948 milhões em 2021 e previsão de R$ 1 bilhão para 2023, faz com que o produto chegue ao alcance de caixa do pequeno e médio produtor.

” É bom deixar claro que o recurso é para o produtor contratar a apólice. A gente subvenciona de 20% a 60% do prêmio. As seguradoras encaminham as apólices no nosso sistema. Em 2020, 90% da demanda foi atendida”, afirma Pedro Loyola, diretor do departamento de gestão de riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Apesar do avanço, menos de 20% das áreas plantadas no país têm seguro. Nos Estados Unidos, o percentual é superior a 85%. Para a Brasilseg, este percentual tende a aumentar e o ritmo do primeiro quadrimestre mostra isso. A soma de todas as modalidades de seguro rural avançou 27%, para R$ 1,3 bilhão, assegurando 51,3% de participação do mercado. A intenção é avançar para mais culturas e regiões do país e também no seguro para pecuária, em que detém 58% de um segmento pouco explorado. “A distribuição acompanha o custeio antecipado no primeiro semestre”, afirma Paulo Hora, superintendente de seguros rurais da Brasilseg.

Na pecuária, a seguradora mira o gado de corte. A estratégia para a composição da apólice considera o faturamento do pecuarista e a composição do número de animais com base no preço da arroba do boi. “Fizemos o piloto em 2020 e em 2021 vamos expandir o produto para o país todo. Com o olhar no faturamento, como fazemos no seguro agrícola, que acompanha a variação do preço das commodities”, diz Hora. A outra ação é ampliar as culturas seguradas. Hoje, são 18 em oito milhões de hectares. A meta é ampliar para 33 culturas, florestas, máquinas e equipamentos e ainda em hortifrútis e centeio.

A verba da subvenção não será suficiente para atender as mesmas apólices de 2020, que asseguraram 13,7 milhões de hectares. Isso porque o preço das commodities aumentou, o que eleva também o valor do seguro. “Precisaria de R$ 1,6 bilhão para renovar a carteira e as mesmas áreas”, diz Rodrigo Motroni, vice-presidente da NEWE Seguros, que quer chegar ao fim de 2021 com 10%. A seguradora, que dobrou de tamanho em volume de prêmios, com R$ 169 milhões em 2020, já fez de janeiro a maio R$ 200 milhões. “A meta é chegar a R$ 450 milhões até o fim de 2021 e apostamos nos corretores especializados para isso. Apesar da geada e da seca, o agricultor vai comprar o seguro, com subvenção ou não, porque ele está capitalizando”, diz Motroni. Em sua opinião, hoje existe mais percepção de risco por parte do produtor e a tecnologia tem ajudado nas vistorias e nos sinistros.

A Essor Seguros credita à parceria com a AgroBrasil o seu diferencial de mercado, devido à especialização técnica de seus profissionais e à proximidade de atuação no campo. A estratégia resultou em um avanço de 44,2% no volume de prêmios emitidos em 2020, de R$ 320 milhões, e 193% no quadrimestre, de R$ 159 milhões, comparando com respectivos períodos anteriores. “Somos os olhos da Essor. Gerenciamos o risco no campo desde a hora da venda até quando tem sinistro. Atuamos em 11 estados e somos o braço agrícola da seguradora”, diz Laura Emília Dias Neves, sócia e CEO da AgroBrasil.

A empresa dobrou o número de engenheiros agrônomos neste ano para 15 profissionais e sua equipe de tecnologia da informação desenvolveu uma solução nova para atuar no seguro de pastagem, que será analisado e monitorado via satélite. “Desenvolvemos este produto do zero. Usamos a imagem de satélite para ver a localização e a georreferência do plantio e da pastagem com coordenadas corretas”, diz Laura Neves.

Dividindo a segunda posição com a NEWE no ranking de seguro rural deste ano da Susep, a Mapfre, que registrou crescimento de 34,4% em sua carteira de janeiro a junho em relação ao primeiro semestre de 2020, com R$ 322 milhões, vê consistência no avanço em várias linhas. O seguro patrimonial, que não tem subvenção do governo, avança 15% ao ano, em média, desde 2019. “Só a parte patrimonial neste ano atingiu R$ 137 milhões em prêmios, com a sinistralidade de 57%, por conta do ciclone bomba que atingiu a região Sul do país”, afirma Daniel Veneziani Kozma, superintendente de seguros patrimoniais rurais da Mapfre. Novos produtos estão sendo estudados pela seguradora, como o seguro paramétrico, que mede os parâmetros climáticos.

Novata neste ramo, a Sompo, desde 2019, quando iniciou a comercialização do seguro rural no país, vem dando saltos largos. Em 2020, triplicou sua carteira, para R$ 30 milhões. Neste ano, a meta é atingir R$ 70 milhões em prêmios, ampliando as coberturas para além das atuais soja, milho e trigo. “Vamos ampliar para 60 culturas, como frutas, café, cana-de-açúcar e vegetais, e atuarem todos os país”, afirma Marcio Martinati, superintendente de agronegócio. Ele diz que a empresa tem uma estrutura de seguros global voltada ao agronegócio e vê que as adversidades climáticas têm chamado a atenção do agricultor brasileiro para a necessidade de cobertura.

Fonte: Valor Econômico Setorial Agronegócios Julho 2021

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