Participação de renováveis aumenta na matriz energética e elétrica do Brasil
O Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional 2024, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), revelou um avanço significativo na participação de fontes renováveis na matriz energética e elétrica do Brasil em 2023. Segundo o estudo, houve uma manutenção na oferta de energia hidráulica, um crescimento na geração eólica e solar fotovoltaica, e uma redução no uso de usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
A matriz energética representa a combinação de recursos ou fontes utilizados para suprir a demanda de energia, incluindo eletricidade, aquecimento e transporte. A matriz elétrica, por sua vez, refere-se exclusivamente às fontes usadas para a produção de energia elétrica.
Em 2023, a oferta interna de energia aumentou 3,6% em relação ao ano anterior. Com a inclusão da biomassa, a matriz energética brasileira alcançou um patamar renovável de 49,1%, uma taxa muito superior à observada globalmente e entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Crescimento da Energia Renovável
No setor elétrico, a oferta interna cresceu 33,1 TWh, um incremento de 4,8% em relação a 2022. A participação de renováveis na matriz elétrica subiu de 87,9% para 89,2% em 2023.
A geração solar fotovoltaica registrou um crescimento notável, atingindo 50,6 TWh, o que representa um aumento de 68,1%, e sua capacidade instalada alcançou 37.843 MW, uma expansão de 54,8% em relação ao ano anterior. A geração hidrelétrica manteve-se estável, enquanto a geração eólica atingiu 95,8 TWh, crescendo 17,4%, com uma capacidade instalada de 28.682 MW, uma expansão de 20,7%.
Emissões de Gases de Efeito Estufa
As emissões totais associadas à matriz energética brasileira em 2023 chegaram a 428 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo o setor de transportes responsável pela maior parte, com 217 Mt CO2-eq. Em termos per capita, cada brasileiro emitiu, em média, 2,0 t CO2-eq em 2023. Para comparação, a média per capita dos Estados Unidos em 2021 foi de 13,8 t CO2-eq, e da China, 7,5 t CO2-eq, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA).
Consumo de Energia
O setor industrial teve um acréscimo de 2,5 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) em valores absolutos. A eletricidade (+2,6%) e o bagaço de cana (aumento de 26,1%) foram as principais fontes que contribuíram para esse aumento, refletindo a produção de açúcar no setor de alimentos e bebidas.
No setor de transportes, houve um aumento de 4,4% no consumo de fontes energéticas em relação a 2022. Os destaques foram o aumento de 19,2% no biodiesel, 6,9% na gasolina e 6,3% no etanol (anidro + hidratado). O crescimento do biodiesel está relacionado à elevação da mistura com o diesel fóssil para 12% (B12) a partir de abril de 2023. A produção de etanol a partir do milho também aumentou 32,4% em relação a 2022, representando cerca de 16% da produção total desse biocombustível em 2023.
Consequentemente, a matriz energética do setor de transportes do Brasil em 2023 foi composta por 22,5% de fontes renováveis, comparado a 22% no ano anterior.
Aumento do Consumo Final de Eletricidade
O consumo final de eletricidade no Brasil em 2023 cresceu 5,2%. Os setores que mais contribuíram para esse aumento foram o residencial, que cresceu 14,1 TWh (+9,1%), o comercial, que aumentou seu consumo em 6,9 TWh (+7,1%), e o industrial, que cresceu 5,7 TWh (+2,6%).
Fonte: Portal Solar